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O Stryd é um dos primeiros acessórios, se não for o primeiro, a adotar a abordagem de potência muscular para a corrida. A métrica já é comum entre ciclistas de estrada, que acoplam dispositivos com a mesma função a seus pedais. Assim, podem acompanhar em tempo real quanta força estão fazendo para levar a bicicleta para a frente.
O acessório tem o formato de uma gota, com 5 cm de comprimento, e deve ser preso no cadarço do tênis por meio de um clipe. É um pedômetro com alguns sensores extras, entre eles um barômetro e um giroscópio, que trabalham juntos para avaliar a potência da corrida.
O dispositivo conecta-se via Bluetooth ao celular e aos principais modelos de relógios esportivos e é na tela desses aparelhos que os dados coletados são exibidos. O que o Stryd propõe é que você esqueça os minutos, quilometragem e batimentos cardíacos e comece a adotar os watts como referência.
O primeiro passo para começar a usar o Stryd é descobrir quais são suas zonas de potência e registrar essa informação em seu perfil na plataforma digital — o gadget tem um site e um aplicativo dedicados aos usuários. A empresa recomenda diferentes métodos — alguns mais simples, como fazer 5 km ou 10 km o mais rápido possível, outros mais complexos, como uma bateria específica de tiros em pistas de atletismo.
Como ter uma pista para treinar está bem longe da minha realidade — e da maioria dos outros corredores do Brasil —, adotei o tempo dos 5 km como base. Foi assim que descobri que minha zona de esforço fácil era quando corria entre 148 e 182 watts; a moderada entre 182 e 205; o limite funcional entre 205 e 228 watts; além de informações sobre a potência recomendada para treinos intervalados longos e para os mais curtos e intensos.
Estava claro que eu precisava de um pouco mais de informação para fazer bom uso do Stryd, um acessório quea até mesmo atletas profissionais ainda estão buscando a melhor forma de utilizar. Por sorte (e um e-mail trocado com os desenvolvedores do produto no Colorado), descobri que havia um brasileiro que poderia me ajudar: o ultramaratonista e treinador mineiro Fernando Nazário.
A primeira coisa que percebi conversando com Nazário é que só faz sentido usar um acessório desses se for para adotar as informações que ele fornece como parâmetros de treino. Do contrário, é apenas mais um número na tela do seu relógio.
“Ele calcula o trabalho muscular que você faz. Se você vem em um terreno plano e encontra uma subida forte ou mais longa, o seu pace muda. Mas com o Stryd você tem a informação da potência que imprimiu no terreno plano e pode tentar mantê-la. Isso diminui muito a chance de você quebrar, especialmente em provas mais longas e treinos de rodagem, porque não corre o risco de forçar demais o ritmo nesses setores”, ensinou-me o ultramaratonista.
Parece ótimo, mas como trazer isso para o dia a dia? É difícil, ainda mais porque os treinos baseados em potência são novidade na corrida. Tão complicado que os próprios desenvolvedores do Stryd colocam à disposição dos usuários alguns programas de treinamento para diversas distâncias seguindo a abordagem dos watts.
No dia em que escrevo este texto, por exemplo, usei uma das planilhas para meia-maratona do Stryd para determinar meu treino. Isso significou correr 5 km entre 148 e 182 watts (minha zona 1), mais 5 km entre 205 e 228 watts (zona 3) e retornar para a zona 1 para os 4 km finais, por mais que, provavelmente, eu aguentasse manter o ritmo mais forte por mais tempo.
Pode parecer inviável agora, mas a ideia promete ficar mais comum. O Vantage V, novo relógio da Polar que chega ao Brasil em dezembro, também medirá a potência do atleta. Mas qualquer treinador pode fazer bom uso de algumas informações que o acessório fornece, especialmente quando sincronizado ao Training Peaks, um dos melhores aplicativos de treinamento físico do mundo.
Na versão grátis, é possível ter acesso a dados interessantes, como a frequência de passadas (alguns relógios de GPS também fornecem esse dado, mas é uma estimativa a partir do movimento do braço). Na versão paga, “vira festa”, como diz Fernando Nazário, de tantas informações disponíveis — uma das mais curiosas é o índice de rigidez dos tendões.
“Para prescrição de treino é maravilhoso. Não tem como errar. O cara tem os watts que precisa seguir e pronto”, alega o treinador e ultramaratonista mineiro. O Stryd abre um universo a ser descoberto para treinadores, profissionais e amadores de elite. Se você não faz parte de nenhum dos três grupos, gastar US$ 200 no dispositivo pode ser um passo grande demais, pelo menos por enquanto.
Mas amadores que levam a sério sua performance nas ruas podem encontrar nesse pequeno dispositivo um grande aliado. Ainda mais com a possibilidade de o treinamento por potência tornar-se cada vez mais regra do que exceção.
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