Treinamento

Vanderlei Cordeiro dá dica aos corredores “quarentões”

Tranquilidade total. Esse é o mantra de Vanderlei Cordeiro de Lima, o homem que acendeu a pira olímpica no Estádio Olímpico. Aos 47 anos de idade, o único brasileiro com medalha olímpica na maratona compartilha com os leitores do O2Corre suas dicas voltadas para corredores quarentões como ele.

Manter a calma e oxigenar a cabeça com alguma atividade relaxante é essencial para manter o equilíbrio, na opinião do corredor. Portanto, se houver tempo para algum hobby além da corrida, algo que o distraia da estressante rotina que se vivencia, sobretudo em grandes centros urbanos, você estará prestando um grande serviço a si mesmo. “Costumo dizer que sempre fui, na verdade, um grande profissional da pesca. A corrida é que era o meu hobby”, diz Vanderlei, estabacando-se de rir com sua conversa de pescador. “Quando era mais novo, na verdade, eu pescava por necessidade, com o meu pai, no Rio Paraná, para podermos nos alimentar. Hoje faço minha higiene mental com a vara de pescar. E peixe é um grande alimento também, que eu adoro”.

Outra fonte de proteína de Vanderlei, que hoje corre para manter a forma, são as carnes. Mas ele toma cuidado com as gorduras. “Quando faço um churrasco, como a gordura apenas do primeiro e, no máximo, do segundo pedacinho de carne, só para ter um gostinho. Não podemos abusar da parte gorda. Sempre tive o colesterol meio alterado. E fica um pouquinho pior quando fico um período sem treinar”.

A atividade física de Vanderlei hoje é bem leve, “coisa de meia horinha, 40 minutos”. Mas correr devagar, definitivamente, não é com ele. “Na última semana, fui a São José dos Campos (no vale do Paraíba, em São Paulo) para dar uma palestra, nessa minha vida de caixeiro-viajante. Fui na esteira do hotel e corri uns 7, 8 km. Meu pace ficou em torno de 4min/km, 3min50/km, por aí”, esnoba, sem saber que está esnobando.

 

 

O campeão da Maratona de Tóquio de 1996 faz questão de esquecer de colocar o cronômetro no pulso quando corre em seu sítio. Mas não descuida dos exames. “Todos os anos faço um check-up completo para verificar se está tudo bem. Correr, para mim, é uma necessidade. Nada vai substituir essa sensação, que é prazerosa e me dá bem estar. É e sempre foi o maior prazer da minha vida”, diz a fera, proferindo uma bela declaração de amor à corrida. “Quero correr até a idade que aguentar, mas sempre de forma consciente. O conselho que dou a todos os corredores que estejam na casa dos 40 anos, e daí para cima, é praticar a atividade física de forma consciente, sabendo se respeitar, cumprindo aquilo que é proposto, com acompanhamento de um professor de educação física. A gente, que gosta de correr, tem que tentar se preservar para manter esse prazer ao longo dos anos. Mas é o nosso corpo que vai decidir em qual idade seremos obrigados a parar”.

Vanderlei não quer ser visto como ex-corredor. Enxerga-se como um embaixador do atletismo. “Não corro apenas pelo meu bem estar, mas para promover o meu esporte, o atletismo. Quero difundir, ser uma memória viva, um exemplo vivo. Não quero ser aquela memória de velhos vídeos, de livros”.

Alessandro Lucchetti

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