Imagine que você nunca ouviu falar de crossfit e, de repente, um box abra ao lado de sua casa. Durante todo o dia, alunos gritando e atletas correndo sem você entender o que acontece. Você pode (e provavelmente vai) achar tudo aquilo muito estranho, como achou Gabriella Moratti. Mas poucos pensariam em se matricular e se tornar um destaque na América Latina como a jovem de 17 anos.
Na época aos 15, Gabriella fez uma aula experimental na CrossFit Volk e garante: “foi amor à primeira vista”. Dois anos depois, em seu primeiro Open, um primeiro lugar na América Latina e 29ª no mundo em sua categoria. Hoje, a menina vive o sonho de estar no CrossFit Games 2017. Confira a entrevista exclusiva do WOD News com a revelação do crossfit brasileiro:
WOD News: Acompanhamos você no Open 2017 e vimos seus excelentes resultados nos cinco WODs. O que achou do seu desempenho?
Gabriella Moratti: Eu confesso que até eu fiquei surpresa com o meu desempenho nesse Open. Antes dele começar eu estava com muito medo e insegura. Quando descobri que tinha dumbell no primeiro WOD, fiquei desesperada. Não era algo que eu treinava muito, mas conforme o Open foi passando eu fui ganhando cada vez mais confiança e minha classificação subiu cada vez mais. Esse Open me fez ganhar mais confiança e fé em mim mesma.
WOD News: Primeiro lugar na América Latina e 29ª no mundo. Qual sua expectativa e ambição para esse ano? Estar no Games é o seu sonho?
Gabriella Moratti: Com certeza meu maior sonho é ir pro Games. É o motivo pelo qual eu estou treinando tanto desde novembro. É pra realizar esse sonho que eu acordo todos os dias às 5h da manhã pra treinar antes da aula e ainda volto à noite pra treinar mais. Eu quero deixar todos os meus treinadores e amigos orgulhosos e mostrar que valeu a pena acreditar em mim.
WOD News: O Open desse ano contou com muitos movimentos ginásticos e também de LPO. Você se sai melhor fazendo exercícios como Bar MU e Chest to Bar, por exemplo, ou prefere fazer Snatch?
Gabriella Moratti: Eu adoro fazer LPO, gosto muito de treinar a técnica e de puxar peso, é algo com o qual eu tenho bastante facilidade. Mas eu também amo os exercícios da ginástica. Eles também não são um grande problema pra mim. Se não tiver cardio no WOD eu já fico muito feliz (risos). Cardio é um pesadelo. Eu treino o meu há muito tempo mas, mesmo assim, não deixo de cansar fazendo bike e remo.
WOD News: O grande diferencial do Open 2017 talvez tenha sido a presença dos dumbells. Quem não é atleta de alto nível estranhou, mas como foram pra você os dois primeiros WODs?
Gabriella Moratti: Os dumbells foram um grande desafio pra mim. Não era algo muito dentro da minha realidade de treino. Pra mim os dois primeiros WODs foram os piores, eu tive que refazê-los várias vezes até conseguir encontrar a estratégia certa e melhorar minha técnica com os dumbells.
WOD News: Dos cinco WODs do Open, sua pior resultado na América Latina foi um quarto lugar. Qual deles você mais gostou e qual você menos gostou?
Gabriella Moratti: Eu odiei o primeiro WOD. Ele misturou burpee, que eu ODEIO, e os dumbells. Esse WOD me fez ficar com muita dor nas costas e como meu cardio subiu, me senti durante todo o tempo sem conseguir respirar direito.
E amei o 17.3. Eu amo fazer Chest to Bar (peito na barra), é um dos movimentos da ginástica que eu mais gosto e treino. Eu também gosto bastante de snatch, ou seja, esse WOD foi perfeito pra mim. Eu consegui me superar muito nele, porque até então meu PR de squat snatch era 63 kg e no WOD eu tive que fazer várias repetições com 61 kg. Esse treino exigiu muito de mim e eu gostei dele, pois ele me fez superar meus limites.
WOD News: Você é atleta de crossfit há quanto tempo? Como conheceu a modalidade?
Gabriella Moratti: Eu faço crossfit há dois anos. Eu moro do lado do Crossfit Volk e me lembro que quando abriu eu fui dar uma espiada pra ver. Me lembro de ter escutado um monte de gente gritando e depois veio uma multidão correndo que quase me atropelou. Lembro de ter pensado que essa galera era maluca. Mas eu não aguentei de curiosidade e no dia seguinte fui fazer a aula experimental… foi amor à primeira vista.
WOD News: Aos 17 anos, você já tem resultados bem expressivos na modalidade. O crossfit hoje é o seu trabalho ou ainda não pensa assim?
Gabriella Moratti: Eu penso no crossfit como uma terapia. Eu não treino porque me sinto obrigada, esse esporte me faz muito bem tanto pro corpo quanto pra mente. Eu ainda estou terminando o colegial, mas por enquanto não vejo o crossfit como trabalho.
WOD News: Como é a rotina de uma atleta aos 17 anos? O que toma seu tempo além dos treinamentos?
Gabriella Moratti: Eu treino em média duas vezes por dia, uma antes da aula e outra no fim da tarde, o que dá uma média de 4 horas de treino por dia. Fora do crossfit eu gosto muito de ficar com meus dois melhores amigos, que eu conheci no box. Eu curto ir na piscina, no cinema, ir pra praia. Com eles não tem programa furado.
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