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Crossfit causa lesões? Especialista derruba mitos

Atualizado em 31 de março de 2017

Os mitos do crossfit existem desde o surgimento da modalidade, fazendo com que diversos praticantes, atletas e coaches convivam explicando e desmentindo certas opiniões erradas. O especialista Arivan Gomes conversou com o WOD News para tirar dúvidas que cercam a prática.

Arivan está acostumado a lidar com os mitos do crossfit. Formado em fisioterapia, hoje é proprietário de um box de crossfit, especialista em ortopedia e traumatologia e professor na Universidade Estadual de Londrina. Além disso, já foi fisioterapeuta de personalidades como Júnior Cigano, lutador de MMA, e a cantora Ivete Sangalo.

Questionado sobre o crescimento do número de adeptos do crossfit no Brasil, Arivan também diz se surpreender. “É algo impressionante esse crescimento vertiginoso e, mais ainda, a paixão dos praticantes por esse esporte”, comentou. “Tudo o que é novo necessita de um tempo para ser categoricamente estudado, treinado e corretamente difundido”.

Arivan diz que não mede esforços para acabar com os mitos do crossfit. “Temos o boom de academias não credenciadas e/ou profissionais não capacitados que ajudam na construção de uma imagem equivocada e deturpada do que é o crossfit. Por isso, não meço esforços na realização de palestras por todo o Brasil, cursos e workshops, justamente com os temas voltados à biomecânica desse esporte”.

O professor comentou também o maior e mais conhecido dos mitos do crossfit. “O maior [mito] é que o crossfit lesiona mais que os outros esportes. Esse já foi derrubado e comprovado diversas vezes, por meio de estudos científicos que comparam esse esporte com corrida, futebol, a própria ginástica e diversos outros, mostrando que o crossfit está muito aquém dos demais em número de lesões por hora praticada”.

 

 

Arivan também cita outros atletas que se tornam adeptos ao crossfit sem prejudicar seu esporte principal. “Cada vez mais, de triatletas a lutadores de MMA, eles utilizam o crossfit como o método que direciona o seu alto rendimento físico. O que é imprescindível é mensurar e adequar muito bem a rotina diária dos treinos, acompanhada por um profissional”.

Gomes foi além e, para derrubar de vez o maior dos mitos do crossfit, citou a reabilitação como um dos benefícios do crossfit. “Diversos exercícios do crossfit são úteis para trabalhos de mobilização articular, estabilização segmentar ou até mesmo fortalecimento direcionado a algum segmento do corpo. O que vai direcionar o trabalho é a avaliação individual e a identificação do que pode e do que não pode ser feito”.

Arivan comenta ainda que utiliza de todas suas formações e especializações para a melhoria dos treino em seu box, o Aldeia CrossFit, em Salvador.

“Lá, eu julgo que temos a estrutura profissional ideal, pois consigo num mesmo espaço intervir com os meus atletas que estão se recuperando de alguma lesão ou simplesmente estão focados no objetivo de prevenção de lesões, ao lado dos alunos do crossfit que estão treinando em alto ritmo para performance e qualidade de vida, assistidos pelos coachs, profissionais de Educação Física”.

Por fim, Arivan conclui que o crossfit é uma modalidade capaz de atingir o público de qualquer idade ou gênero. “Pode-se ter num mesmo local um atleta de alto rendimento realizando um box jump na caixa de 90 cm, ao lado de uma senhora de 80 anos subindo, com uma perna de cada vez, numa caixa de 10 cm. Ambos estão alcançando os seus objetivos”, exemplificou.

“Ouso dizer que até indivíduos portadores de doenças ou lesões osteomioarticulares também podem praticar exercícios que são feitos no crossfit. Eles só precisam ter fisioterapeutas capacitados para, em conjunto com o profissional de Educação Física também capacitado, adaptar e executar os exercícios”, emendou o especialista.

Experiente, o professor deu dicas para novos praticantes que costumam ouvir mitos do crossfit. “Devemos nos manter sempre em atividade, porém para isso devemos fazê-lo de forma segura e responsável, sempre prezando pelo respeito ao nosso limite. Isso é individual e intransferível, ou seja, cada um tem o seu. E a grande atenção no crossfit deve estar voltada ao ótimo, se não perfeito, padrão de execução dos movimentos, por meio de uma plena mobilidade articular. Independentemente do nível em que você estiver, sempre dedique um momento do dia para a correção de imperfeições e invista naquele ganho minucioso de mobilidade, que certamente o lucro será só seu”, finalizou.