O último fim de semana trouxe uma excelente notícia para o atletismo brasileiro: Juliana de Paula Gomes dos Santos vai participar da Olimpíada no Brasil. Estará presente, firme e forte, com seu sorriso maior do que o mundo, na largada da prova de 3.000 m com obstáculos no Rio-2016.
Conheci Juliana numa entrevista coletiva de Marílson Gomes dos Santos, com quem ela é casada. Já lá se vão dez anos: em novembro de 2006, Marílson deixou o mundo estarrecido ao derrotar um batalhão de quenianos e se sagrar campeão da maratona de Nova York.
Voltou ao Brasil para muitas honrarias e prêmios extras. A contrapartida é que o garoto de Brasília, tímido e oriundo de família simples, teria de aguentar jornalistas, dar discurso, responder a perguntas nem sempre inteligentes ou agradáveis, suportar as luzes televisivas –enfim, ser uma estrela.
Estava, pois, Marílson no centro dos holofotes, no centro da mesa no auditório da sede do Pão de Açúcar; à sua extrema esquerda, lá num cantinho não tão iluminado, sentava-se Juliana.
À certa altura, ela também foi chamada a opinar. Parecia ainda mais tímida que o marido, uma menininha —acho que posso chamá-la assim, pois é mais nova que a minha filha caçula.
Pois falou forte e bem. Minha memória envelhecida não consegue recuperar o que disse Juliana, mas lembro que foi algo que achei importante e que me levou a fazer uma anotação mental: “Qualquer hora preciso entrevistar essa moça”.
No ano seguinte, no Pan do Rio, Juliana fez o que todos que assistiram à prova não podem esquecer jamais: a volta olímpica com a bandeira brasileira tremulando às suas costas, o sorriso imenso tomando conta da tela, a alegria da vitória tornada ainda maior por ser a conquista em terra pátria.
O tempo passou, ela se tornou mãe. Miguel, o herdeiro dos Gomes dos Santos, assumiu o centro das atenções da família. Aos poucos, os pais ganharam traquejo, experiência, aprenderam a dividir o próprio tempo para manter firme o projeto da família.
“A gente está se esforçado muito. É uma tarefa que sabíamos que não ia ser fácil, ser pais e ser atletas. A gente está procurando dar o nosso máximo de entrega para o atletismo e para esse sonho, que eu quero muito, e o Marilson também, de participar de uma Olimpíada em nosso país.”
São palavras de Juliana, a quem eu finalmente entrevistei mais longamente no ano passado –o resultado foi uma reportagem publicada na edição de setembro da revista “O2”.
Na conversa, a campeã pan-americana nos 1.500 m (Rio/2007) e nos 5.000 m (Toronto/2015) me adiantou que estava experimentando outra prova, testando seu desempenho numa modalidade até então não explorada por ela.
“É uma prova em que eu ainda sou muito nova, a gente ainda não teve tempo de treinar”, me disse Juliana naquela época.
Adiantou, porém, que seu técnico e, quando atleta, especialista na corrida com obstáculos, tinha muita confiança em suas chances naquela modalidade: “No obstáculo (3.000 m com obstáculos), que é uma prova em que o Adauto acredita muito que eu possa ir, fazer uma boa prova, dessas três ele acha que é a mais fácil de eu conseguir o índice, é 9min45, eu corri 9min54 neste ano [NR.: 2015].
Pois Adauto Domingues, que é também o treinador do maridão Marilson, tinha razão: no último sábado, Juliana venceu os 3.000 m com obstáculos em Oordegem, na Bélgica, com o tempo de 9min39s33.
O resultado é novo recorde sul-americano (e brasileiro, claro) na modalidade –a marca anterior era da também brasileira Sabine Letícia Heitling (9min41s22, em 2009).
Com isso, Juliana e Marilson estão muito perto de realizarem o sonho da família. Afinal, como ela me disse na entrevista no ano passado: “Eu e o Marilson, a gente viveu para isso, fizemos uma entrega das nossas vidas para a profissão.”
Agora colhem os resultados. Tomara que o sorriso de Juliana continue a brilhar nas pistas brasileiras e pelo mundo afora..
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