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15 fatos que marcaram a corrida em 2019

São esses os fatos que destaco como marcantes da temporada 2019 nas corridas de rua e maratonas ao redor do mundo.

Foi um ano rápido, marcado por recordes protagonizados por corredores africanos. Pelas bandas do Brasil não temos muito a comemorar.

Retrospectiva da corrida em 2019

1 – Ineos 1:59

05/05- O projeto Ineos 1:59 é anunciado em Londres. Com a mesma pegada do Breaking2 da Nike, o projeto traz o queniano Eliud Kipchoge como protagonista.

Batizado como “Ineos 1:59 Challenge”, foi financiado por Sir Jim Ratcliffe, o homem mais rico da Inglaterra. Ratcliffe tem uma fortuna calculada em  27,8 bilhões de dólares e é um self-made-man. Amante de esportes, é dono da maior equipe de ciclismo do mundo, a campeoníssima ex-Team Sky, que passou a se chamar Ineos, que por sua vez, é a marca de sua empresa petroquímica que fatura 80 bilhões de dólares/ano e emprega 18 mil pessoas ao redor do mundo.

Ratcliffe, um bacharel em química que recebeu o título de Sir das mãos da Rainha Elizabeth II, nasceu em um subúrbio pobre londrino.

2 –Suspensão de Salazar

01/10 – O técnico Alberto Salazar é suspenso por quatro anos do esporte por envolvimento com doping. O ex-treinador de Mo Farah foi acusado por tráfico de testosterona, adulteração do processo de controle de doping e aplicações ilegais de L-carnitina enquanto comandava o Projeto Nike Oregon.

Dias depois da decisão, a Nike anunciou o fechamento do Projeto Oregon, programa de treinamento para atletas de elite.

3 – Coe reeleito

07/10 – O inglês Sebastian Coe foi eleito para um segundo mandato (com o voto de todos os 203 membros do Congresso das Federações Internacionais) para a presidência da Federação Internacional de Atletismo. A votação aconteceu no congresso da entidade realizado em Doha, Catar, as vésperas do Mundial.

4 – Mudança de nome

07/10 – Em Doha o Congresso decidiu que a Federação Internacional de Atletismo passa a se chamar World Athletics, imprimindo um novo posicionamento da entidade.

5 – ‘Maratona’ sub-2h

12/10 – O queniano Eliud Kipchoge tornou-se em Viena, capital da Áustria, o primeiro homem a correr a distância da maratona, ou 42.195 m sub-2 horas. A performance de 1h59min40s se deu com ambiente controlado, que significa ter: validação de condições meteorológicas; coelhos que se revezavam; carro madrinha ditando o ritmo; quebra de vento, etc, etc. Por isso o tempo não é válido para recorde, mas foi um enorme feito!

6 – Recorde mundial feminino

13/10 – A queniana Brigid Kosgei estabeleceu o novo recorde mundial da modalidade maratona. O fato ocorreu na Maratona de Chicago ao cravar o tempo de 2h14min04s, superando os dois recordes que pertenciam a Paula Radcliffe (um na casa de 2h17min e outro das 2h15min).

A diferença de marcas deve-se à mudança da regra que proibiu que homens fizessem pace às mulheres, uma prática comum, e para isso foi estipulada a nova a regra dos 15 minutos. Assim a largada passou a ser por sexo. Na nova regra as mulheres da elite largam 15 minutos antes dos homens. Paula estava na linha de chegada e felicitou a nova recordista.

7 – Marílson no Hall da Fama

30/10 – Bicampeão da Maratona de Nova York e primeiro sul-americano a ganhar a prova, Marílson Gomes dos Santos entrou para o seleto Hall da Fama da mais importante maratona mundial.

O campeão dos anos de 2006 e 2008 recebeu a honraria na quinta-feira, dia 30 de outubro, em cerimônia realizada pela organização de Nova York.

8 – Under Armour Knockout Run

05/11 – Provavelmente a Under Armour Knockout Run foi a prova mais inovadora desta década organizada no Brasil. Inovou em termos de formato, resgatando a verdadeira essência das provas, que é competir. Competir contra si mesmo, e contra a pessoa que está ao lado, e de preferência, deixando o oponente para trás.

Essa foi a tônica da primeira corrida própria da Under Armour no país. A disputa, tanto da fase classificatória como da final, se deu com bastante chuva e o evento realizado no Autódromo Vello Città agradou em cheio aos 160 atletas convidados. A prova promete continuar no próximo ano e a expectativa é que seja aberta ao público geral.

9 – Estádio Olímpico concluído

30/11 – O Estádio Nacional de Tóquio, peça central dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020 e sede da competição de atletismo e das cerimônias de abertura e encerramento das Olimpíadas foi oficialmente concluído.

A construção do estádio, com capacidade para cerca de 60.000 pessoas, iniciada em dezembro de 2016, foi concluída em 36 meses a um custo de 1,4 bilhão de dólares. As provas de atletismo estão programadas para acontecer entre os dias 31 de julho a 10 de agosto.

Outro fato anunciado é que a cidade de Sapporo, e não Tóquio, será a sede das disputas das provas de maratona e marcha atlética. A decisão foi tomada por Sapporo ter um clima mais ameno do que a capital japonesa.

10 – Recorde nos 10k

01/12 – O ugandense Joshua Cheptegei quebrou o recorde mundial nos 10 km, cravando o tempo de 26min38s. O feito foi obtido nos 10K Valencia Trinidad Alfonso, uma competição espanhola que possui o selo Silver Label.

Cheptegei melhorou em seis segundos o recorde anterior de 26min44s estabelecido por Leonard Patrick Komon, do Quênia, em 2010, para completar seu sensacional “hat-trick” (sequência de três feitos) na temporada, que inclui títulos mundiais em cross-country e 10.000m na pista. O atleta calçava o Nike Vaporfly Next.

11 – Assédio na corrida

07/12 -A jornalista Alex Bozarjian fazia o link ao vivo para a rede de televisão local na capital do estado da Geórgia quando o corredor Thomas Callaway, de 43 anos, passa correndo durante a Savannah Bridge Run e dá um tapa nas nádegas da repórter de 23 anos de idade que fica atônita. “Nenhuma mulher deveria passar por isso em seu trabalho ou em qualquer lugar”, disse a jornalista, que identificou o agressor.

Callaway, que é casado, pai de duas filhas e, pasmem, ministra cultos em uma igreja no estado sulista, foi à TV se desculpar pelo “incidente”, dizendo que não havia sido intencional seu ato. Mas as imagens mostram nitidamente o contrário.

O corredor, que no mesmo dia que o caso veio à tona foi banido das competições nos Estados Unidos, foi também preso uma semana depois.

12 – Recorde de inscritos na São Silvestre

10/12 – Pela primeira vez na história a Corrida Internacional de São Silvestre disponibilizou 35 mil vagas, que foram totalmente preenchidas. Até 2018 a infraestrutura do evento que é dimensionada para o número oficial de inscritos era projetada levando em conta 30 mil corredores.

13 – Recorde na meia-maratona

13/12 – O queniano Geoffrey Kamworor baixou em 17 segundos o recorde mundial na Meia Maratona de Copenhague e cravou 58min01s.

Geoffrey Kamwor/recorde mundial nos 21K

14 – Indenização por fraude

19/12 – No que ficou conhecido como o mais rumoroso caso de fraude em corridas de rua do Brasil protagonizado por atletas amadores, a organização da Corrida Internacional de São Silvestre foi indenizada pelo senhor Valter Pereira da Silva, um dos atletas da equipe Run Up, de Sorocaba (SP) – aquele que permitiu que seu número fosse clonado na 93ª edição da principal prova de rua da América Latina, em 2017.

Além da indenização por danos materiais e morais, no valor de R$ 25 mil, o atleta confessou e detalhou todo o processo idealizado pela Run Up para a fraude, que contou com a participação de vários atletas da equipe, que inegavelmente encontrava-se uniformizada e com estrutura de serviço e transporte.

15 – Arrancada e domínio na São Silvestre

31/12 – O queniano Kibiwott Kandie assegurou o primeiro lugar na 95ª edição da Corrida Internacional de São Silvestre em uma bela arrancada nos metros finais da disputa, surpreendendo o atleta de Uganda Jacob Kiplimo, que liderou boa parte da corrida, e venceu a competição estabelecendo um novo recorde do percurso com a marca de 42min59s, superando o recorde de 43min12s de Paul Tergat que perdurava desde 1995.

No feminino a recordista da maratona, a queniana Brigid Kosgei, liderou isolada a corrida e fechou com a marca de 48min54s.

 

Harry Thomas Jr

Jornalista especializado em corridas de rua desde 1999, Harry competiu pela primeira vez em 1994 e desde então já completou 31 maratonas – sendo três sub 3 horas: São Paulo (2h59min30), Nova York (2h58min20) e Blumenau (2h58min10). Também concluiu seis Ultratrails: 60K Ultratrail Putaendo, 67K Ultratrail Torres del Paine, 50K Indomit Costa Esmeralda e os 50K Ultra Fiord por três vezes. Já correu em países como Argentina, Chile, Estados Unidos, Grécia e Japão.

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