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A corrida feliz

O professor Clóvis de Barros Filho ensina, citando um grego – “não há nada que um grego ainda não tenha dito”, eu cito Millôr – , que a felicidade se dá naquele momento que você julga querer pra sempre. Se você não quer que acabe, é porque você está feliz.

Eu preferencialmente corro maratonas; corri 15 em passados 8 anos. Depois do quilômetro 30, eu quero que a maratona acabe, e logo.

Existe uma corrida feliz. Trata-se da Bay to Breakers, uma corrida centenária de 12 km que acontece no terceiro domingo de maio, em São Francisco. Em 1986, 110 mil pessoas participaram, recorde histórico – the world’s largest footrace – digno de registro no livro Guinness.

A Bay to Breakers, corri-a em 2011. Desconhecia a existência de tal prova e estava em São Francisco a trabalho, coincidentemente hospedado no hotel que a patrocina. Os cartazes espalhados pelo lobby assinalavam que haveria uma corrida, mas não davam qualquer pista acerca do que eu encontraria no domingo. Não consegui me inscrever de véspera, mas uma pessoa do staff me encorajou a correr mesmo assim.

 

 

São Francisco é a cidade das garantias individuais e a Bay to Breakers é o “exercício” da liberdade de ir e vir. Muita gente, inclusive, vai e volta, volta e vai. Dada a enorme quantidade de corredores, em 2011 mais de 70 mil entre inscritos e “convidados”, a prova tem inúmeras largadas.

Quem quer largar de manhã, larga. Quem quer largar à tarde, larga, também. Quem quer largar de manhã e à tarde… É gente largando o dia inteiro, gente feliz, que não quer que a festa acabe.

Quase todo mundo corre fantasiado. Quase porque há os que correm pelados. Pelado não é fantasia. Bem, pelo menos não strictu sensu. Repito: São Francisco é a cidade das garantias individuais e a Bay to Breakers é o “exercício” da liberdade de ir e vir; ir e vir pelado, inclusive. E eu nem fantasiado, nem tampouco pelado; sequer inscrito.

Estão abertas as inscrições para a Bay to Breakers 2017. A prova acontece no dia 21 de maio próximo. Penso que vou me inscrever. Não pretendo correr pelado – não propriamente por pudor, antes porque em maio, em São Francisco, costuma fazer um friozinho. Fantasiado, talvez – o difícil é escolher a fantasia. Certamente feliz.

Maurício Lopes

Mauricio Lopes é advogado, editor (fundador da Editora Leblon, que publicou, no Brasil, a obra 50 Maratonas em 50 Dias, de Dean Karnazes), leitor e colecionador de livros sobre maratonas. É, acima de tudo, maratonista.

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