As corridas acima de 800 metros podem ser consideradas corridas de longa distância ou mais popularmente conhecidas como “endurance”, que no dicionário nada mais é do que o ato, qualidade ou poder de suportar estresse.
Desde os princípios dos anos 70, com maior exploração dos benefícios gerados pelo exercício regular e contínuo, e consequentemente as mudanças geradas na qualidade de vida dos praticantes desses exercícios, houve uma grande mudança nos estilos de vida da população como um todo e o crescimento acentuado dos praticantes de atividade física controlada, em especial as corridas de longa distância.
A corrida de longa distância foi, sem dúvida nenhuma, o setor esportivo, que mais sentiu essa mudança de estilo de vida na busca por saúde e qualidade de vida. E isso é fácil de explicar devido à facilidade em praticar esse esporte em qualquer ambiente, além do baixo custo com equipamentos. Na corrida, o praticante necessita apenas de um shorts, camiseta e tênis, diferentemente de outras modalidades onde os investimentos em uniformes e equipamentos são bem mais altos.
Hoje, nota-se uma população aficcionada por corridas de longa distância que passaram a conhecer a modalidade, vivenciá-la de forma intensa, discutir sobre este assunto, assim como, sobre seus benefícios, lesões, perigos…
Isso seria extremamente benéfico, se não fosse perigoso.
É PERIGOSO, isso mesmo.
E digo isso, pois para que você consiga obter condições de realizar o sonho de completar uma Maratona, sonho este que faz parte da realidade da grande parte das pessoas que iniciam seus primeiros passos nas corridas, você deve obrigatoriamente passar por uma série de estágios. Estágios esses que se iniciam em uma clínica médica, em busca de saber como está funcionando a máquina chamada corpo humano, afim de explorar todos os seus órgãos e sistemas, antes mesmo de amarrar o cadarço do seu tênis e sair para a famosa e deliciosa corridinha.
Passado esse estágio, vem aí uma das fases mais difíceis para nós corredores de pseudo qualidade de vida, que é a fase da paciência, pois mal iniciam-se os treinamentos e os objetivos já são traçados, focando no crescimento gradual de volume, carga e intensidade de corrida, o que traria a “tal” qualidade de vida e os benefícios desse exercício continuo.
Mas nem sempre temos essa tal paciência em esperar a progressão da carga, volume e intensidade e acabamos colocando “a carroça na frente dos bois”. E aí todos os benefícios se tornam literalmente pseudo-benefícios, pois ao invés da tão sonhada qualidade de vida, começamos a conhecer e vivenciar situações que o estresse ou sobrecarga devido ao aumento abrupto da carga, volume ou intensidade podem causar, que são as tão temidas lesões.
E isso tenho propriedade para falar, pois essas tais lesões tem crescido linearmente junto com o crescimento do número de praticantes dessas atividades.
E as causas mais comuns das lesões são:
– despreparo do praticante;
– (infelizmente) despreparo de alguns treinadores;
– aumento abrupto de volume/carga/intensidade;
– ausência de exames e avaliações médicas prévias e de acompanhamento durante a evolução dos treinamentos;
– falta de acompanhamento nutricional;
– ausência de trabalho muscular preventivo, para suportar esses estresses;
– ausência de tempo de descanso, pois esses praticantes além de viverem e treinarem como atletas profissionais, ainda têm que cumprir com seus afazeres profissionais.
Posso dizer com propriedade tudo isso que escrevi, pois além de vivenciar todo esse aumento do número de lesões nos corredores amadores devido a minha profissão como fisioterapeuta, posso confirmar que um bom preparo visando sempre o seu objetivo inicial de qualidade de vida e apenas esses benefício, com metas bem traçadas e respeitado todas as fase, a chance de que essa tal qualidade NÃO venha, é remota.
Eu também sou um aficcionado por corridas de longa distância. E já tenho na minha bagagem 14 meias- maratonas, 3 maratonas, 1 desafio do Pateta (que consiste eu correr 1 meia maratona e no dia seguinte 1 maratona). Por mais estressante que seja treinar para isso, eu nunca tive nenhuma lesão e isso não se dá devido ao simples fato de eu ser fisioterapeuta e colher os benefícios da minha carreira, mas sim ao fato de jamais ter buscado outro objetivo que não a qualidade de vida.
Deixei de lado a competitividade entre amigos, que muitas vezes é o grande vilão dessa história, te fazendo esquecer dos objetivos iniciais da sua busca por este tipo de atividade física.
Correr é, sem dúvida, um dos grandes prazeres da vida. Mas só respeitando os seus limites e as suas fases de treinamento que você terá a “tal” e tão sonhada qualidade de vida através da corrida.
Grande Abraço e boas corridinhas!
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