Viver é um eterno teste de força interior. Como treinador, convivi com muitos atletas e suas histórias. Uma delas é a da Viveka Kaitina, minha aluna e atleta. Que lhe sirva de inspiração naqueles momentos em que viver exige o máximo de sua fé.
“O esporte coletivo nunca foi parte significativa da minha vida. Não por falta de interesse, mas por não ter habilidade. Me identifiquei com a corrida, mas abandonei na faculdade por uma tendinite.
Aos 33 anos, decidi voltar a correr por conta própria. Os 5 minutos sofridos viraram meia hora, até correr 2 horas na esteira todas as madrugadas. Uma sensação de liberdade indescritível. Certa manhã, um companheiro de esteira me
convidou para participar de uma equipe esportiva. Assim iniciei um pilar importante na minha vida.
Com acompanhamento profissional, obtive avanços importantes na corrida. Ao ver uma competição de triathlon, me encantei com a possibilidade de fazer parte desse mundo. Aprendi a ter dedicação e regularidade, a lidar com frustrações, ter paciência. Ensinamentos importantes para desafios que a vida me traria nos anos seguintes: meu primeiro triathlon em 2002, e em 2007 tive o orgulho de me classificar para o Mundial de Ironman no Havaí.
Mas a grande prova veio recentemente e sem aviso: um câncer de mama em dezembro de 2015. Nunca estamos preparados, mas queria vencer usando o que o esporte me deu: disciplina, confiança, planejamento do processo até o objetivo com flexibilidade para o inesperado e celebrar cada passo. Antes da linha de chegada de uma maratona ou de um Ironman, passamos por muitos altos e baixos — e o que aprendemos é que esses ciclos passam.
A parte mais difícil não foi o tratamento. Foi o medo de não conseguir afastar o câncer dos meus pensamentos nos
meses iniciais. Isso foi pesado. Foi com a volta à atividade física que obtive tranquilidade emocional e força mental. Mesmo quando não estava me sentindo 100%, mantinha a rotina: ia à academia, corria ou pedalava o tempo que conseguia. Sentia o meu corpo mais forte a cada dia.
Ficava mais leve, pronta para deixar esse capítulo no passado. Além do físico, aprendi a cuidar da minha alma, me comprometendo a meditar 10 minutos todos os dias, o que me trouxe mais paz e recarrega minhas energias para o dia. Hoje, valorizo mais o momento presente e minha saúde vem em primeiro lugar — e sou ainda mais fã do esporte!”
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