De nada adianta um atleta ser o melhor do mundo em uma modalidade se no momento de disputar uma medalha olímpica ele não tiver o devido controle sobre as sua emoção positiva: ele vai falhar, fatalmente. Veja o que vem acontecendo com o nosso futebol ultimamente. O Brasil poderia ter sido campeão em várias Copas do Mundo. Mas o que se viu nessas últimas Copas foram exibições lastimosas, com os jogadores exibindo um total descontrole em campo. O caso do Ronaldo na Copa da França, em 1998, é exemplar. Após sofrer uma convulsão, o “Fenômeno” foi escalado para a partida final sem que ninguém fizesse nada em relação ao seu preparo emocional. Isso mostra que a seleção não tem nenhuma preocupação com este basilar aspecto da emoção positiva na preparação de seus atletas.
Esse anseio não é um bicho terrível que destrói os melhores competidores. Pelo contrário, é a nossa maior força, quando devidamente controlada, envolvida e otimizada. E é essa tal emoção positiva que proporciona um recorde mundial ou uma exibição acima do esperado de um competidor, o que somente a emoção no seu mais positivo grau pode proporcionar.
Por outro lado, vários atletas brasileiros falham justamente na hora “H” por não terem conseguido se emocionar positivamente. Foi o caso da Fabiana Murer no salto com vara durante a Olimpíada de Londres em 2012. Ela poderia obter a medalha de ouro, mas, tomada pelo pânico da emoção negativa e torturadora, refugou no momento do salto. A cena do Diego Hipólito se estatelando no chão na execução do exercício de solo na mesma competição foi outro exemplo do poder da emoção. Provavelmente ele fez o mesmo exercício 30 vezes depois da Olimpíada e o realizou de forma perfeita em todas elas. Por que então foi errar justo na hora em que mais tinha que acertar? “Muita cobrança. Minha família estava aqui, não sei bem o que aconteceu…”, tentou explicar ele. Ou seja, foi coisa da emoção, uma reação cujo controle tanto nos pode levar a uma exibição consagradora como a um fracasso incrível.
Esses dois casos revelam de forma insofismável o total amadorismo de nossos dirigentes olímpicos. Colocassem um preparador emocional para acompanhar os nossos esportistas, e teríamos conseguido multiplicar por três o nosso número de medalhas nos últimos Jogos Olímpicos. Que na Olimpíada do Rio de Janeiro a emoção positiva esteja presente.
(Matéria publicada na Revista O2 – edição #113 – setembro de 2012)
*Por Nuno Cobra
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