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Nova Iorque é hors concours. Tóquio tem o defeito da distância. Boston e Londres acontecem em abril, a significar que o maratonista residente no Brasil, inscrito em qualquer das duas, tem que treinar forte em pleno verão. Pronto, restaram Berlim e Chicago. Bastaram três linhas. Para o desempate, mais serão todavia necessárias.
A Maratona de Chicago é mais bem organizada do que a de Berlim. Melhor equilibrada: a quantidade de mulheres se aproxima da de homens. Os preços, seja dos produtos à venda na exposição, seja dos hotéis próximos à largada/chegada, e de um modo geral, são mais em conta em Chicago. O percurso da maratona em Chicago é tão plano quanto o da realizada em Berlim. Chicago é mais perto do Brasil (8.538 km contra 10.021 km) e a diferença horária, menor.
Numa eventualidade, melhor ser socorrido em inglês do que em alemão (ou, ainda que em inglês, com sotaque alemão). Você, caro leitor, provavelmente julga que eu, portanto, prefira Chicago. Engana-se.
A Maratona de Chicago bem poderia ser reproduzida, tal e qual, em outra cidade norte-americana. Muita gente não notaria diferença. Berlim é única e a Maratona de Berlim oferece algo-mais. A Kaiser-Wilhelm-Gedachtnis-Kirche, cuja única torre original ainda de pé resta propositadamente tão destruída quanto em 1945. O Portão de Brandenburgo, que durante 28 anos ficou isolado, e inalcançável, na chamada no-man´s land. A Maratona de Berlim não tem muro. Não mais.
A Maratona de Berlim, ao contrário de qualquer outra, não é uma conquista individual.
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