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A umidade e a corrida

Começo a ter minhas certezas sobre o porquê os maiores corredores do Brasil vieram da secura. Nomes como Marilson Gomes dos Santos, Joaquim Cruz, Valdenor Pereira, Carmem Oliveira e Leandro Macedo são crias de Brasília, cidade conhecida como uma das mais secas do Brasil. A baixa umidade relativa do ar é o contraponto da alta, a popular umidade.

Correr na umidade é meu maior problema como atleta. Há pessoas que não giram no calor, outras, no frio, algumas, na chuva. Eu, no ambiente úmido. Até corro, mas sofro demasiadamente.

E não falo nem da umidade proveniente da chuva em si, pois essa o cenário é comum, mas refiro-me à umidade vinda das condições geográficas das cidades e suas características peculiares.

Em suma, há cidades úmidas que rodo bem e outras em que é um verdadeiro parto para percorrer os quilômetros. Ao longo desses anos de corrida, em que corri em cidades litorâneas de Alagoas, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Pernambuco, notei que mesmo em ambientes ao nível do mar, as sensações em relação à umidade são diferentes entre as cidades.

Meu vilão tem um nome claro: cidade do Rio de Janeiro. Ao descer do avião, na hora sinto que cheguei ao Rio, quando não estou sob efeito do ar-condicionado.

Esse grau de dificuldade não impede que eu vá correr provas lá, mas tomo uma série de cuidados para minimizar os efeitos desta condição climática.

Já em Florianópolis, onde nós aqui da casa O2/Ativo teremos uma nova prova de 42.195 metros, a Maratona Internacional da Cidade de Florianópolis, no dia 03 de junho, eu rodo bem.

Tenho três maratonas em Floripa, as que ocorreram na década de 2000, e a maioria delas com tempo sub 3h15 – não lembro de ter sofrido como no Rio.

Perguntei para meu amigo, técnico de corrida e triathlon, Fábio Pierry, paulista radicado no Balneário de Camboriú, o por que o Rio tinha uma umidade diferente de Santa Catarina. “É um coquetel que mistura calor, umidade e intensidade dos ventos”.

Ou seja, posições e variáveis climáticas incidem diretamente no nível de dificuldade que a umidade causará na sua corrida. Porém, para todos os níveis devemos tomar cuidados especiais, apesar de básicos.

 

 

O primeiro e mais importante é com a hidratação. Em ambientes úmidos a perda hídrica é maior. Portanto, 24 horas antes da largada o corredor deve começar a se hidratar bem.

Durante a corrida, se possível fazer reposição eletrolítica com gel ou isotônicos. Viseiras talvez sejam mais apropriadas que bonés. Filtros solares são indispensáveis e roupas leves, e se possível claras, completam o pacote.

Ou seja, localidades úmidas não são o lugar ideal para o recorde pessoal, assim como aquela secura de Brasília, mas não devem ser empecilho para o atleta.

Devemos nos “superar” em todos os ambientes possíveis, seja no calor, frio, chuva, umidade ou secura.

Harry Thomas Jr

Jornalista especializado em corridas de rua desde 1999, Harry competiu pela primeira vez em 1994 e desde então já completou 31 maratonas – sendo três sub 3 horas: São Paulo (2h59min30), Nova York (2h58min20) e Blumenau (2h58min10). Também concluiu seis Ultratrails: 60K Ultratrail Putaendo, 67K Ultratrail Torres del Paine, 50K Indomit Costa Esmeralda e os 50K Ultra Fiord por três vezes. Já correu em países como Argentina, Chile, Estados Unidos, Grécia e Japão.

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Harry Thomas Jr
Tags: Dificuldades

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