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Biomecânica da corrida: o que fazer para ter uma postura mais próxima da ideal?

Muitos corredores são assombrados por dúvidas quanto à mecânica da passada: correr com passadas mais amplas ou mais curtas? Maior ou menor amplitude de movimento? Afinal, o que é melhor para quem busca evoluir no esporte?

Vou tentar acabar com essa angústia ou, no mínimo, mostrar um bom caminho para que corredores dos mais diferentes níveis consigam achar sua passada ideal. Ou, no mínimo, adequada às suas características pessoais, tanto mecânicas quanto fisiológicas.

É natural observarmos que, ao aumentar nossa velocidade ou ritmo de corrida, a amplitude da passada tenha também um incremento, já que é uma reação de equilíbrio e postura de nosso corpo em relação a tal estímulo.

Sabendo disso, conseguimos notar que, se continuarmos aumentando o ritmo, chegará um momento em que atingiremos o limite pessoal de amplitude nas passadas. Neste momento, teremos de aumentar a frequência delas para continuar incrementando a velocidade.

Existe, portanto, um limite mecânico para a realização do movimento da corrida de forma equilibrada e harmônica que deve ser descoberto por cada corredor individualmente. Uma ótima referência para isso é notar o ponto em que os movimentos começam a perder sua coordenação e passam a ser mais forçados. Este é o limite mecânico da amplitude.

 

 

A amplitude pode variar de acordo com a flexibilidade e a força de impulsão, entre outros fatores, individualmente. Existe um padrão ideal de movimento de corrida do qual cada indivíduo, dentro de suas características físicas e limitações, deve se aproximar ao máximo.

Atente para o seguinte: há uma referência ideal, mas nossa aproximação do movimento deve ser real! O que isso quer dizer? Que não devemos impor um ritmo ou cadência de passada de acordo com parâmetros generalizados, mas sim experimentar e encontrar aquilo que é melhor para cada um de nós.

Dentro de um padrão ideal, o corredor deve ter a cabeça alta, braços com angulação próxima a 90° e elevação do joelho à frente na perna de “ataque”. O apoio deve acontecer no médio pé, com um leve desequilíbrio do tronco à frente, o que facilita a manutenção da inércia do movimento. Quanto mais rápido você correr, mais irá se aproximar dessa postura considerada ideal.

Mas, e na corrida lenta? O padrão muda? Sim, muda, mas devemos atentar para que não se altere muito do padrão de braços compactados, postura balanceada e cadência elevada.

Uma boa maneira de observar sua postura é por meio de filmagem com o seu smartphone ou mesmo correndo em uma esteira com sua imagem em um espelho. Esse feedback visual e cinestésico vai ajudá-lo e muito nas correções básicas de vícios de movimento. Além disso, melhorar sua força e flexibilidade também vai ajudá-lo nesse processo. Bons treinos!

Marcello Butenas

Marcello Butenas é treinador de triathlon e de corrida desde 1990 e é diretor técnico da Butenas Assessoria Esportiva. Como atleta foi vice-campeão brasileiro de triathlon em 1991, tetra-campeão paulista em 1992, 1993, 1995 e 1996 e participou de Ironmans no Havaí em 1992, 1995 e 1996, no Brasil, em 2002 e 2007, e na Alemanha, em 2012, com recorde pessoal de 9h24min. É colunista da revista O2.

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