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Coma! Mesmo sem fome

A influência do meio ambiente em nossas atitudes e escolhas é algo que acontece a cada segundo do dia. Além disso, podemos dizer que vários aspectos que nos formam, como físico, fisiológico e emocional, são resultado dessa interação com o meio.

Pense, por exemplo, nas diferentes sensações de sentir fome ao longo de cada estação do ano. Quando está mais frio, temos mais apetite, principalmente por comidas quentes e gordurosas. Já quando o tempo está mais quente, não sentimos tanta fome e, geralmente, escolhemos comidas frias, leves e de fácil digestão (ou nos vemos na “obrigação” de comer sem fome).

Essas atitudes são um reflexo direto da nossa interação com o meio para um fim bastante nobre: cuidar da manutenção da nossa temperatura interna.

Mas o que acontece se não sentimos fome quando nos exercitamos, independentemente da temperatura externa? Pela minha experiência, posso dizer que é muito comum pessoas demorarem a sentir fome depois do exercício. Uma causa bastante possível para que isso ocorra é o aumento da temperatura corporal (principalmente na região da barriga). Mas você precisa de nutrientes, e talvez precise comer sem fome.

Mediante esse aumento, acionamos um sistema de defesa e adequação chamado termorregulação, no qual transpiramos e produzimos o suor que, na superfície da pele, evapora para o meio. É nesse processo de evaporação que perdemos o calor excedente e mantemos a temperatura corporal adequada.

 

 

Além do sistema de manutenção da temperatura corporal, outra explicação é que o exercício estimula uma ação em peptídeos liberados no estômago e intestino que têm papel no controle do apetite no sistema nervoso central. Após o término do exercício, há inibição na liberação da grelina (responsável pela sensação de fome) e estimulação na liberação do peptídeo YY (inibidor de apetite).

Mas o que é mais importante entender é que o fato de não termos apetite não quer dizer que não há necessidade de nutriente. Muito pelo contrário! Comer sem fome faz parte… Quanto antes nos alimentarmos após o término do exercício, mais rápido e eficiente será o seu processo de recuperação — consequentemente, a conquista dos resultados que tanto desejamos.

Quando demoramos para comer após o término do treino, geralmente a fome vem de repente, com força, após umas 2 horas — e vem avassaladora e insaciável. Nessa hora, comemos com menor critério de escolha e optamos por alimentos mais cheirosos e saborosos, que geralmente contêm uma quantidade de gordura maior. 

Por isso, sugiro que após o término do treino, além da atenção ao processo de hidratação, o atleta ingira um alimento fonte de carboidrato, de preferência simples (como o mel, por exemplo), e depois coma um alimento de fonte proteica (carnes, ovos etc.) já que o organismo tem como prioridade cuidar da glicose sanguínea e de seus estoques (glicogênio) e depois das estruturas proteicas.

Mariana Klopfer

Mariana Klopfer é formada em nutrição pela Universidade de São Paulo (USP) e diretora clínica da Nutricius - Nutrição Esportiva

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