Você tem algum problema em falar ou publicar em redes sociais seus tempos em provas quando eles não são exatamente como você queria?
Durante alguns atendimentos de coaching esportivo, alguns profissionais chegam com esta dura cobrança de si a respeito do tempo ou pace ideal em uma prova.
Todos que praticamos algum esporte, em que temos a colaboração de uma assessoria esportiva, somos acompanhados por um nutricionista, buscamos boas provas e fazemos uso de bons tênis e GPS não fazemos nosso esporte só “for fun”. Também colocamos uma certa carga de responsabilidade sobre este desafio.
O ponto mais importante desta jornada como esportistas, atletas amadores, ou como cada um quiser se denominar, é que nossas cobranças são altas demais, pois geralmente nos medimos pela régua do outro.
Mas como assim?
Geralmente buscamos a performance em um número que vimos por aí, de um amigo, de uma pessoa que você não curte tanto, mas que mandou muito bem em uma prova, ou então uma pessoa que você até gosta. Vocês começaram juntos no esporte, mas essa pessoa parece que teve uma evolução melhor do que a sua e por aí vai.
Nos deparamos com a famosa estatística, que nada mais é que a coleta de dados numéricos, que analisamos, interpretamos e apresentamos.
São inúmeros dados espalhados pelo nosso círculo social que diariamente nos bombardeiam com uma nova definição de pace ideal, tempo de prova ideal, número de maratonas ou meias ideais.
Porém, existe uma estatística que pouco exploramos. A nossa própria coleta de dados.
Você conseguiria rapidamente escrever agora em um papel seu primeiro tempo em prova, sua velocidade lá trás quando você começou a praticar um esporte? Você seria capaz de detalhar, lembre-se que estatística é detalhamento, minuciosamente os seus próprios dados agora para, então, acompanhar seu gráfico de evolução?
Dificilmente fazemos este exercício. Temos preguiça. É trabalhoso gerar dados estatísticos, então imagine os nossos próprios, se nem me lembro quais provas me inscrevi e onde estão todas as medalhas (algumas chegam em casa e já vão para a gaveta do esquecimento).
Só é possível ter evolução real se realmente tivermos tempo e disposição para olharmos para estes números que geramos. Medir-se pela régua do outro, achar que um tempo em prova foi ruim ou péssimo apenas porque fulano fez em menor tempo que o seu é matar a estatística.
Cada um de nós é um indivíduo com características físicas, genéticas, emocionais e sociais totalmente distintas de qualquer outro indivíduo que o cerca. Não há clone de nós, nas mesmas condições, no mundo.
Somos únicos, insubstituíveis e raros (peça única, ou seja, em extinção). Portanto, por que você se colocaria numa situação de comparação, de vergonha, de medo em mostrar as suas estatísticas?
Nunca se esqueça que junto da construção de uma estatística se criam os benchmarks. Ou seja, o mercado começa a ter dados suficientes para mostrar gráficos de evolução em diferentes áreas, setores, situações e concorrências. E reparem na boa notícia, você pode ser um benchmark positivo de alguma pessoa que cruza o seu caminho.
Cultive o hábito e a virtude da modéstia, que nada mais é que valorizar os próprios êxitos.
Não há nada de errado em valorizar seus números. Eles são seus, você os produziu e, se não foi dentro do que você projetava em relação a sua tendência de crescimento, chega o momento de parar, refletir, analisar e repensar a estratégia. Compreender o que você talvez não tenha feito tão bem e partir para uma nova ação. Se redesenhar.
Essa é a graça do esporte. A flexibilidade. A capacidade de nos mudarmos, refazermos, seguirmos rumos diferentes rapidamente depois de um pequeno “ruído” na nossa amostragem estatística.
Convido vocês a criarem seus dados, sua própria régua. Sem medo. Sem vergonha. Não há dado ruim, se a sua intenção ao criá-lo foi boa.
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