Correr na areia fofa é uma prática que poucas pessoas pensam em aderir. A justicativa é que muita gente acredita que é um hábito apenas para atletas de esportes na praia. Pois saiba que correr na areia fofa é um ótimo jeito de melhorar seu desempenho em provas com terrenos mais firmes. A areia fofa possui basicamente três componentes que dificultam a corrida:
1- Absorção de impacto: em termos de amortecimento, correr na areia fofa é ótimo. A questão é que a areia dissipa a energia entre seus grãos e não a devolve para o corredor. Ou seja, é necessário fazer muito mais força para impulsionar a passada para cima e para a frente.
2- Atrito: por ter grãos soltos, a areia fofa oferece pouquíssima aderência à sola do pé ou de qualquer calçado, dificultando a impulsão horizontal.
3- Terreno: sua superfície é extremamente irregular, com pequenos morros e depressões de diferentes tamanhos e formas, o que exige mais atenção do atleta.
Um quarto elemento poderia ser o fator-surpresa: a presença de objetos ocultos no meio dos grãos, como pedras, carcaças de animais e lixo, mas isso depende muito de cada local. Se esse elemento extra estiver presente, é necessário criar novas estratégias para lidar com os obstáculos no terreno. A mais importante, sem dúvida, é a alteração da mecânica. Em um piso de pouco atrito e com baixo retorno energético, é fundamental que o pico de pressão no pé aconteça quando ele estiver o mais próximo da linha vertical do corpo. Para entender melhor, veja seu corpo de lado e na altura do umbigo. Marque um ponto no meio da cintura – essa é a localização aproximada do seu centro de massa. Durante a corrida na areia, o momento de maior pressão nos pés deve ocorrer quando estiverem bem abaixo do ponto marcado. Ou seja, é importante evitar que os pés aterrissem à frente ou atrás dessa linha vertical que passa pelo centro de massa. Na areia, isso poderia causar uma derrapagem e, consequentemente, maior gasto de energia.
Além da mudança na mecânica da corrida, como o solo não devolve tanta energia e o terreno é irregular, você precisará de fibras mais desenvolvidas nos músculos extensores (principalmente glúteos, anteriores da coxa e panturrilhas) e nos estabilizadores do tornozelo.
O resultado de tudo isso é um corredor preparado para correr na areia fofa, mas que se for para o asfalto ou terra batida, vai voar. Afinal, todos estes pré-requisitos também são a base para uma corrida mais eficiente, independentemente do terreno.
Resumindo, correr na areia fofa do jeito certo ajuda muito na corrida em geral. Só não pense que é fácil assim: é importante fazer uma adaptação ao terreno, iniciar com curtas distâncias, realizar exercícios educativos e desenvolver progressivamente velocidade e quilometragem. Do contrário, o risco de lesões é maior. Eis a relevância de ter um acompanhamento profissional, principalmente do seu treinador.
Seja na areia, no asfalto ou por aí, o que importa é correr!
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