Geneticamente, você caminhou sobre a superfície da Terra por mais de 5 milhões de anos. Assim, no fundo, você é um animal do movimento, da corrida e caminhada, e como tal não pode viver sem se mexer. O movimento teve papel fundamental na evolução humana. Foi a possibilidade de tocar todos os outros dedos da mão com o polegar (movimento de oposição, que o chimpanzé não tem) que nos permitiu construir ferramentas. Essa singular possibilidade foi gradativamente exigindo mais envolvimento de nosso cérebro, desenvolvendo milhões e milhões de novas concatenações interneurais, que são a inteligência.
Ao mesmo tempo, a necessidade de se deslocar por distâncias cada vez maiores na busca incessante por alimentos foi responsável pelo desenvolvimento de uma fantástica bomba ejetora, chamada coração. Os pulmões de nossos ancestrais foram também se dilatando e ampliando, de tal forma que hoje um atleta amador chega a captar mais de 100 litros de ar por minuto, algo realmente incrível.
Para manter tudo isso, não podemos parar de nos movimentar. A melhor maneira para isso é a corrida e caminhada. Não há forma mais sadia e agradável de elevar os nossos níveis de saúde que a boa e velha caminhada. Ao mesmo tempo em que é tranquila e natural, ela é exigente, fazendo entrar em funcionamento 60% de nossa musculatura e acionando de forma vigorosa o coração, a respiração e a circulação sanguínea.
Nunca devemos começar um trabalho de movimento correndo, porque sem a infraestrutura básica que a caminhada oferece, nosso organismo não estará em condições de suprir todas as necessidades de nutrientes e oxigênio para um trabalho adequado e saudável, sem danos para o sistema cardiovascular.
Esse período da caminhada deve ser longo e desenvolvido com muito vagar, para poder sedimentar de forma bem conclusiva o alicerce cardíaco, pulmonar e circulatório que nos dará condições de fazer lá na frente uma corrida gostosa e produtiva. Quando esse lastro é bem-feito, e sem pressa, a corrida ficará mais rápida e agradável, fruto de melhor eficiência cardiovascular.
Se toda a sociedade caminhasse de forma sistemática, não necessitaríamos de hospitais nem de Ministério da Doença — que desastradamente se chama da Saúde, embora dela não se ocupe. Não precisaria o governo ter este gasto monumental com a doença.
Portanto, em vez de fazer um plano de doença, faça um programa de caminhada, leve e sequente. Dessa forma, você estará dando ao seu organismo o elemento mais básico e fundamental para ele se manter durante toda a sua vida, que é simplesmente a saúde.
(Matéria publicada na Revista O2 – edição #116 – dezembro de 2012)
*Por Nuno Cobra
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