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Ser mulher é ser ensinada desde muito cedo que devemos não apenas competir com as outras mulheres, mas desmerecer e dar a menor bola possível pros talentos umas das outras. Ao longo da sociabilidade feminina, vamos sendo levadas a acreditar que boa parte dos nossos insucessos são gerados pela inveja de outras mulheres.
Nós nos acostumamos com esse clima de rivalidade, tratamos os espaços que vivemos como grandes galinheiros onde nós somos os galos e só permitimos que sejam incluídas nos nossos grupos aquelas que passam por uma avaliação minuciosa que vai das roupas que veste ao modo como caminha – se andar por aí confiante demais, já era! Tá fora.
Habituadas com esse padrão de comportamento, em geral, quando passamos a frequentar um box de crossfit, desconfiamos seriamente daquelas meninas que nos ajudam a desmontar a barra no final, que nos dão dicas de técnicas e que nos cumprimentam no final do WOD.
Logo de cara, a gente tende a ficar só de olho esperando o bote, até que as aulas vão passando, a gente começa a ter assuntos que vão além do crossfit, começa a conhecer as histórias que estão por trás das conquistas das outras meninas e quando menos esperamos já temos nossas parceiras de treino e estamos torcendo juntas pelos PRs de cada uma.
O crossfit nos ensina não apenas a reconhecer as conquistas umas das outras, mas a admirar outras mulheres. É impossível não se impressionar e se alegrar quando uma amiga aprende um movimento novo ou consegue emendar vários movimentos difíceis.
Claro, não sejamos bobinhos: é óbvio que dá vontade de dar na cara da criatura que nos coloca no chinelo no WOD, a gente desconfia que ela esteja roubando, conta as repetições escondido, bate o pezinho… mas a gente sabe que, no final das contas, ou a gente vai lá e faz melhor, ou reconhece que a menina é boa mesmo e aceita que dói menos.
A gente acaba sendo obrigada a reconhecer o talento de outras meninas. Contra um Open bem arbitrado não há argumentos, né? Aí se abre um espaço enorme pra passar a admirar, a pedir dicas, a observar pra aprender e a competir com as outras esperando que nosso desempenho seja melhor que os delas, não que os delas sejam piores que os nossos.
É que ser recalcada no crossfit pega meio mal, tem isso também. E é por essas e outras que o esporte vai mudando nossa visão de mundo, nossos padrões de relacionamentos e nossa maneira de lidar com as outras e com nós mesmas. Crossfit é Girl Power. Ainda bem.
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