De sapatilha ou no salto alto, o desafio é o mesmo

Atualizado em 01 de julho de 2016
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A chance de irmos diretamente para onde olhamos é grande (quase absoluta), então identificar o perigo e olhar para ele – como que endossando que aquilo é perigoso – pode significar acidente, queda (livre no buraco negro, num caso mais extremo).

No começo é muito difícil ignorar o perigo e o medo. A gente olha, reconhece, para, desce da bike e acaba com a fluidez do pedal (e mountain bike é o que se não pura fluidez e momentum?).

O processo de evolução envolve um certo esforço mental, de ficar lembrando “olha pra frente, Vivi, olha pra frente, Vivi, mantém o foco, foco, foco”. Esse mantra me acompanha nas trilhas…

Também temos que praticar muito em terrenos seguros para ganhar confiança, ver que sabemos andar em singletrack, e ir aos poucos aumentando o nível técnico – e a exposição – das trilhas.

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As mais novatas ficarão felizes ao saber disso: tem uma hora que nosso cérebro começa a se acostumar com esse setup, e percebe que pedalar na trilha com ou sem barranco ao lado é completamente igual. Logo, a única coisa que temos que controlar é nosso medo, e ignorar o perigo. O resultado é emocionante, apaixonante! Posso falar por mim, olhe a minha vida, de total dedicação ao mountain bike (quando não estou trabalhando).

Hoje, estou aprendendo a fazer exatamente a mesma coisa, só que no trabalho. Aceitar o desafio de evoluir está me apavorando. Me vi, hoje, com a mesma apreensão que tenho antes de enfrentar uma trilha técnica nova. Me perguntaram se estou bem. Por um momento parei para olhar para mim mesma. Estranhei a falta do capacete, e do uniforme de guerra. E logo entendi. Sim, estou ótima. Apenas compenetrada, tentando manter o foco no caminho e não olhar para o perigo de queda. Com uma armadura um pouco diferente, salto alto, camisa, maquiagem… lembrando que é só continuar fazendo o que eu já faço.