Vento e altimetria são duas variáveis físicas e naturais que podem anular uma performance em uma corrida de rua. No caso do vento na corrida, a depender de sua intensidade e por ser uma variável climática não controlável, uma competição pode até ser suspensa ou cancelada.
No caso da altimetria, mais de um metro de desnível negativo por quilômetro faz com que o recorde não seja homologado pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF), como é o caso da tradicional Maratona de Boston.
Bem, se a altimetria é uma condição imutável, os ventos já sopram ao bel prazer. Assim, a IAAF tem uma regra clara que tem abrangência internacional. Para a entidade, se a velocidade máxima do vento na direção da corrida estiver favorável ao atleta com média acima de 2m/s, eventuais recordes não são ratificados.
Pra ver como o vento é uma variável importante: se for a favor até o limite de 2m/s não é problema para o corredor, pelo contrário, é até uma grande ajuda. O problema é outro. Vento contra, como o próprio nome diz, é contra. E ser é contra não é legal, não ajuda e se torna desfavorável.
Já peguei ventos homéricos em corridas. Destaco três. Na Maratona de Nova York quando os resquícios de um furacão chegaram no final de semana da corrida, trazendo vento, chuva e frio, e não estamos falando da edição em que a prova teve que ser cancelada em função do Furação Sandy.
O segundo brutal foi em uma das cinco edições que participei da Mizuno Uphill Marathon, quando um mini ciclone daqueles que acontecem no Estado de Santa Catarina atingiu em cheio a Serra do Rio do Rastro com ventos que derrubaram, literalmente, postes de placas chumbadas no chão e fizeram rolar alguns banheiros químicos como papel.
E o vento mas surreal que peguei na minha vida foi na primeira parte da Ultra Trail Torres de Paine, quando corríamos em direção às torres. Por vezes o vento arrancava meu boné e fazia ele voar por dezenas de metros. E eu tinha de parar de correr e voltar para pegar o boné.
Pra falar a verdade não precisa ir muito longe. Já que ontem mesmo peguei um vento chatinho em pleno Centro de São Paulo, mais precisamente no Elevado do Minhocão. Tanto vento na cara fizeram aprender alguns macetes:
– Use roupas mais justas. Vejo muito corredor parecendo um paraquedas aberto quando o vento bate contra. Vire a aba do boné ou viseira para trás;
– Diferente do ciclismo a corrida permite o vácuo. Que tal “eleger” um coelho, seja em treino ou prova, e minimizar a ação do vento contra? Mas tenha ‘fair play’ apurado. Reveze com outro corredor quem puxa e quem será puxado;
– Muitas vezes correr em linha reta contra o vento não é a forma mais inteligente de vencê-lo. A corrida na perpendicular pode ser a melhor solução, claro, não precisa atravessar a pista e fazer um enorme zig-zag. Menos, no caso, é mais. Procure identificar na corrida perpendicular qual o lado que corre com mais facilidade (o vento de lado pode agir a favor).
– Quanto maior a área de resistência do corpo ao vento mais difícil a corrida se torna. Procure trazer os braços mais próximos ao corpo. Contrair um pouco mais o corpo diminuindo o espaço de atrito;
– Mãos abertas tendem a fazer com que o vento escorra entre os dedos, prefira em detrimento de mãos fechadas (modo continência);
– Treinos de força como correr preso a um elástico ou arrastar pneus são excelentes modo de preparação física.
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