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Dor muscular tardia: anti-inflamatórios ajudam?

Atualizado em 02 de abril de 2018
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Você realizou aquele treino onde bateu seus recordes pessoais e satisfação por obter tal êxito é imensa. Uns dois dias depois você começa a sentir dores musculares intensas — é o que chamamos de dor muscular tardia, que também se manifesta em pessoas que ficaram longe dos treinos por um tempo. Se for de pequena intensidade, é a certeza de que o treino foi bem feito. Mas se a intensidade da dor for muito forte, pode prejudicar o cronograma para uma prova.

Uma alternativa para interromper o processo doloroso é o uso de analgésicos e anti-inflamatórios. Entretanto, existem muitas dúvidas a respeito dos possíveis efeitos colaterais dos medicações (principalmente os anti-inflamatórios) sobre a saúde. Um deles é que os anti-inflamatórios podem prejudicar as adaptações que os músculos sofrem depois do treino.

Quando fazemos um exercício vigoroso, liberamos bradicinina, prostaglandina e radicais livres na musculatura. A bradicinina é responsável por aumentar o calibre dos vasos para chegar mais sangue ao local e acelerar a recuperação. Já a prostaglandina é responsável por gerar a dor na musculatura estimulada. A ação dos anti-inflamatórios é sobre produção das prostaglandinas, que é inibida. Entretanto, acredita-se que a prostaglandina também é atua como sinalizadora para que respostas anabólicas (ganho de massa muscular) e de recuperação muscular ocorram. Além disso, muitos estudos concluíram em ensaios clínicos que o uso de anti-inflamatórios não parece aliviar os sintomas de dor muscular tardia.

 

 

Pesquisas clínicas em animais comprovaram que o uso de anti-inflamatórios afetou o metabolismo proteico muscular. Estudos com humanos utilizando placebo, analgésico e anti-inflamatórios após atividades físicas comprovaram que o grupo que recebeu placebo teve uma síntese proteica (e, consequentemente, melhor recuperação e adaptação) do que os outros grupos. Foram medidas a quantidade de prostaglandina nos três grupos, sendo que o do placebo apresentou níveis mais altos da substância — 77%.

Porém, outras pesquisas evidenciaram que ao utilizamos os anti-inflamatórios chamados de inibidores da COX-2 (os mais modernos), não houve diferença na síntese proteica e na recuperação.

Conclusão: parece que os anti-inflamatórios mais modernos não afetam a adaptação muscular ocasionada pelo exercício. Porém sua eficácia para o alívio da dor é muito questionável.

 

Referências:
The use of nonsteroidal anti-inflammatory drugs for exercise-induced muscle damage: implications for skeletal muscle development. Sports Med. 2012 Dec 1;42(12):1017-28.

Connolly DA, Sayers SP, McHugh MP. Treatment and prevention of delayed onset muscle soreness. J Strength. Cond Res 2003 Feb; 17 (1): 197-208