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Educação no trânsito

Não sei se todos sabem, mas há uma falta de empatia muito grande por boa parte dos motoristas em relação a corredores, e claro, coloquemos a recíproca como podendo ser verdadeira. Ao longo do tempo, temos visto vários casos de acidentes de trânsito envolvendo motoristas, ciclistas principalmente, e corredores.

Os desrespeitos acontecem em grande parte a nível nacional, mas no exterior também existem atritos com pequenas regras sendo quebradas por ambos os lados. Motoristas desatentos e corredores que se acham no direito de entrar na via carroçável e correr “só um metro”, o que é o bastante para uma tragédia monumental.

Bate-boca entre corredores e motoristas geram discussões como aquela da Praia do Jurerê durante os dias que antecediam uma disputa de triathlon. A ironia é que ambos os personagens estavam na cidade para participar do evento. São muitos os casos de atropelamentos nas ruas e até mesmo dentro da USP.

Esses casos de trânsito são um dos poucos onde a violência entra na corrida, em nosso ambiente alegre, sincero e de paixão.

E essa relação no meu entender chega ao seu ápice em corridas com trânsito controlado, principalmente em maratonas que exigem um tempo maior de interrupção no trânsito. Falta cidadania, falta empatia, falta educação.

Falta ainda muita orientação aos motoristas brasileiros no que tange sua relação viária, de cidadania e esportiva em relação a eventos que literalmente param o fluxo de automóveis.

Muitas vezes os motoristas são pegos de surpresa. Faixas são colocadas nos dias em que antecedem a maratona, mas as informações das faixas são insuficientes para que os motoristas não caiam na armadilha/arapuca de ficarem presos em um cruzamento.

Além disso, a maioria do pessoal que controla as vias obstruídas é inflexível. Com um pouco de boa vontade, poderia liberar os carros, entre a passagem de um corredor ou outro. Mas não é bem assim que acontece.

Cabe então às organizadoras enfatizarem junto a população – afinal os Departamentos de Trânsito cobram taxas altíssimas das organizadoras – maiores ações de comunicação como espalhar faixas sobre as interdições de rua ao longo do percurso, panfletagem nos cruzamentos… enfim, educar para depois cobrar.

É um trabalho de cultura running e convivência entre os atores, sejam eles corredores ou motoristas.

Muitos motoristas são corredores, muito corredores são motoristas.

Paz no trânsito é o melhor caminho.

Harry Thomas Jr

Jornalista especializado em corridas de rua desde 1999, Harry competiu pela primeira vez em 1994 e desde então já completou 31 maratonas – sendo três sub 3 horas: São Paulo (2h59min30), Nova York (2h58min20) e Blumenau (2h58min10). Também concluiu seis Ultratrails: 60K Ultratrail Putaendo, 67K Ultratrail Torres del Paine, 50K Indomit Costa Esmeralda e os 50K Ultra Fiord por três vezes. Já correu em países como Argentina, Chile, Estados Unidos, Grécia e Japão.

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Harry Thomas Jr
Tags: paz

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