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Endurance Challenge Agulhas Negras

Durante a semana ouvi muitos amigos que participaram da prova  Endurance Challenge Agulhas Negras  – TNF, no Rio de Janeiro, li muitos comentários nas redes sociais, participei e vivi intensamente toda a prova. Por isso, escrevo não para apontar erros ou culpados, mas com o intuito de contribuir para o esporte de corridas de montanha de longa distância.

De um lado está o que cada um corre e tipo de prova de longa distância de montanha, ou seja, preferência ou aptidão pessoal: estradão, com ou sem apoio da organização (água, alimentação, etc.), percursos mais técnicos, prova com grande ou pouca altimetria, provas que exigem mais trekking, ou saltos (percursos com pedras), etc.
Há diversas provas de montanha, mesmo no Brasil, que atendem esses perfis pessoais. Eu tenho mais aptidão para provas “corríveis”, mas adoro “perrengues” com percursos bem técnicos que me desafiam e provas auto-suficientes. Gosto pessoal.

O perfil de prova proposto pela organização foi promovido como um estilo mais desafiador, com percurso bastante técnico e altimetria elevada, porém com apoio aos atletas em trechos bem definidos e tempos de cortes também definidos.

Quem se inscreveu para os 80 km já estava consciente disso. Alguns com mais ou menos experiência nesse tipo de prova, mas ninguém se inscreve nessa distancia se fisicamente não está preparado. O que não quer dizer que esteja mentalmente preparado e tecnicamente preparado.

A chave da questão é: o regulamento do prova não foi seguido pela organização. Dessa forma, na minha opinião, deveria ter sido flexibilizado o tempo de corte e providenciado rapidamente reposição de hidratação nos postos e disposição dos mesmos exatamente como estava descrito no regulamento. Regulamento existe para ser cumprido e seu desrespeito pode impactar negativamente na expansão das corridas de montanha no Brasil, assim como está acontecendo com as provas de aventura, cuja mudança de regulamento acontece da cabeça do organizador no meio da prova, prejudicando equipes e privilegiando outras. Sem generalização, mas passei por isso em diversas provas que participei.

De uma forma geral, eu gostei muito da prova, do percurso desafiador, do clima amistoso entre os participantes que lutavam pelo mesmo objetivo. Isso é o que faz as provas de montanha incríveis!

Deixo uma dica para todos que estejam se preparando para provas de longa distância em montanha: treinem. Treinem muito a mente e planejem serem mais auto suficientes mesmo em provas com apoio. Levem para a prova alimentos e hidratação que estão acostumados durante o treino. Imprevistos de todos os tipos acontecem muito durante a prova. Por isso, tentem garantir que, pelo menos, a questão da alimentação e hidratação, vocês terão controle. Em relação ao percurso, muito sol, muito frio, escuridão, acidentes, quilometragem a mais ou a menos (até 5%) podem acontecer, continuem fortes no objetivo. Costumo pensar que se está difícil para mim, está difícil para todos. Isso funciona.

A todos que não completaram, se foram ou não prejudicados pelo não cumprimento do regulamento, bola para frente! Encarem como um aprendizado, aperfeiçoem as deficiências e vocês estarão ainda mais preparados para maiores desafios.

À organização do Endurance Challenge Agulhas Negras, que reconheça as falhas e possa corrigir no próximo evento. Será um prazer participar!

Bons treinos!

Vivian Pavão

Corredora há mais de 15 anos, fez sua primeira maratona aos 20 anos, conquistando o terceiro lugar em sua categoria, e não parou mais. Já praticou diversos esportes, mas atualmente dedica-se à corridas de montanha. Entre as maiores conquistas está o primeiro lugar Geral no Desafio das Serras em dupla mista, prova de 80 km, e o primeiro lugar geral da Copa Paulista 50 km em Paranapiacaba, em 2015.

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Vivian Pavão

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