O esporte precisa de ídolos. São fontes de inspiração. São eles quem fazem os torcedores, os atletas amadores, o público em geral, sonhar. São eles que fazem a engrenagem dos esportes girar em termos comercial, de marketing e espetáculo.
Se não concordar, basta observar o que aconteceu ontem nas redes sociais, na grande imprensa, nas rodas de conversas, quando o maior ídolo esportivo brasileiro – ao lado de Pelé -, o piloto Ayrton Senna foi lembrado à exaustão por ocasião do aniversário de 25 (!) anos de sua morte.
Em menor escala as corridas têm seus ídolos. Joaquim Cruz, que mantem acesa sua áurea desde os anos 80 com o seu ouro olímpico; José João da Silva, que trouxe o orgulho brasileiro à tona ao vencer a Corrida de São Silvestre depois anos de domínio estrangeiro; e Vanderlei Cordeiro, por seu bronze olímpico que valeu mais que ouro, são alguns dos exemplos que mostram que os ídolos têm seu papel insubstituível.
O mais paradoxal de tudo é que quanto mais tempo passa e o esporte evolui, o patrocínio a atletas definha, em vez de crescer.
Entre os anos 90 e a primeira década deste milênio, muitas marcas investiam pesado em atletas e fortes equipes, como a poderosa equipe feminina da Mizuno ou o forte time masculino da Nike com Marilson Gomes, Franck Caldeira e Vanderlei Cordeiro de Lima.
Com escassos patrocínios, a roda da vida é implacável pois os jovens talentos se veem em um dilema. Treinar e passar fome (às vezes, literalmente, falando), ou abandonar o alto rendimento, que impõe uma carga de treinamento que varia de 800 km a 1200 km mensais.
O que causa estranheza é que no exterior as indústrias esportivas patrocinam pesadamente jovens talentos; e no Brasil esses são deixados à míngua.
O brasileiro precisa e quer torcer por atletas nacionais, e não só para um Kipchoge ou Kipsang. Quer ir em um evento e ver aquele atleta que admira e poder se comunicar em sua língua nativa, torcer por bons tempos em provas ao redor do mundo, ter uma autógrafo e uma selfie com seu herói nacional.
Um leitor, o Sergio Fadul, fez uma definição precisa do momento atual. “É impressionante como as marcas acham que pessoas bonitas e fortes com milhares de seguidores (muitos, por sinal, robôs) as representam. Certo, podem ter, sim, afinidade com o propósito dessas marcas, mas ter um atleta profissional que representa e pode levar orgulho a ‘apenas 200 milhões’ pode ser um pouco melhor”.
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