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Lesão é a maior frustração que um atleta pode ter. Corro há quase 20 anos e já passei por inúmeras lesões e três cirurgias – sendo uma no quadril e duas nos pés. Lesões devido à grande esforço repetitivo e também problemas mecânicos relacionados ao meu pé plano (pisada extremamente pronada, que acontece quando os pés viram para dentro). E quando todos os médicos me recomendavam abandonar a corrida, eu voltei. Voltei mais forte e melhor para correr ultramaratonas de montanha.
Nos quatro anos que estive correndo montanha selecionei tênis confortáveis para mim, em sua maioria tênis para pisada neutra, minimalistas. Optei por um tênis com maior reforço e amortecimento apenas nos treinos em asfalto, quando aumentava intensidade e volume. A receita vinha dando certo, até que…
Em junho de 2015, apenas um mês antes dos 235km da Ultra dos Anjos Internacional, comecei a sentir uma forte dor no tornozelo, bem abaixo do mínimo arco plantar que tenho no pé direito. Após a prova, a lesão piorou muito e fui diagnosticada com um problema relativamente comum e difícil de ser tratado: tendinopatia tibial posterior. As famosas tendinites. No meu caso, houve uma degeneração crônica do tendão – e por isso o nome tendinopatia.
Parei de correr por um mês após os 235km e já voltei a treinar para outro desafio (o Cruce, em fevereiro de 2016), sem terminar o tratamento para o tendão. Decidi treinar com dor – e era um desafio enorme, pois a dor era praticamente insuportável. Apenas 15 dias antes da prova, bem treinada, não suportei mais. Correr era muito difícil e existia o risco do tendão de romper. Decidi parar e tratar em definitivo.
Se pudesse dar um conselho para todos vocês, seria esse. No caso das tendinites (e em qualquer outra lesão): sentiu uma dor leve ou intensa, pare a atividade e procure um fisioterapeuta. Não vacile. Há somente duas possibilidades de curar tendinite: parando definitivamente de realizar a atividade que provoca dor ou fortalecer o tendão.
E assim tem sido a minha rotina: fisioterapia todos os dias e o uso de palmilhas para correção do pé plano. A receita? Tirar a carga sobre o tendão tibial posterior (recomendo as palmilhas Bauerfeind, desenvolvidas para atletas) e diversos exercícios de fortalecimento isométricos e excêntricos do músculo.
Falo para você corredor que também está em recuperação de lesão e privado de correr: sei o quanto é difícil. Parece que nunca voltaremos a correr ou que não voltaremos como antes.
Para o corredor lesionado, a vida perde brilho, sentimos falta da nossa rotina que expressa liberdade e saúde. Calçar um tênis e correr por aí.
Durante a fase de recuperação, é importante buscar outras atividades físicas, manter o corpo e mente em movimento. Ocupe o corpo, a mente e aproveite para fazer novos amigos. Se desafie em outro novo esporte. Recomecei a pedalar e a remar, esportes que eu gosto e que não fazia justamente porque correr era minha prioridade.
Todos nós atletas estamos sujeitos a lesões (pequenas e grandes). A chave é a prevenção (fortalecimento e fisioterapia) e o tratamento logo que a dor aparecer. Mesmo assim, as lesões podem ocorrer e nós corredores, que adoramos desafios, temos que enfrentar o maior de todos eles: o tratamento, às vezes abdicando do que mais gostamos por determinado tempo. Mas valerá à pena.
Correr sem dor é a maior recompensa.
Bons treinos! Boa recuperação! Boa corrida!
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