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Estratégias mentais na maratona

Quem viu Eliud Kipchoge chegando sorrindo após cravar 2h00min25s no Breaking2 pode achar que ele só é um super atleta fisicamente falando, mas o que contou mesmo ao queniano atual campeão olímpico foi um preparo mental e emocional fortíssimo. O fator mental foi ainda mais testado pelo fato de os outros dois participantes terem “quebrado”, ficando para trás. Kipchoge puxou a responsabilidade para si e manteve o pace e a cabeça funcionando de forma soberba.

Longe de querer ser um Eliud, ao longo de quase 25 anos que corro maratonas, desenvolvi algumas estratégias mentais que podem ajudar a trabalhar o lado psicológico em longas distâncias:

Treine

Nada melhor para o lado emocional do que saber que o físico está preparado. Isso também evita que, durante a prova, você fique se cobrando se perdeu treinos, não cumpriu a planilha ou matou aquelas aulas de musculação. Como diz o ditado: treino difícil, prova fácil (e a recíproca também é verdadeira).

Divida

Uma das estratégias que uso é dividir provas de longas distâncias em partes. Na maratona, por exemplo, costumo dividir em três partes: 14k, 28k e 42k. Da mesma forma, na meia maratona meus parâmetros são 7k, 14k, quando, então, finalmente penso “só falta 1/3 da prova para finalizar”.

Não encare

Costumo respeitar as subidas e mentalizar a postura correta, com movimentos dos braços mais acentuados e tronco levemente curvado para frente. Ao me deparar com uma subida, observo sua extensão e, logo em seguida, volto meus olhos para baixo. Subo visualizando o asfalto 3 ou 5 metros à minha frente. Vez ou outra, encaro a subida rapidamente para ver quanto falta para terminar o sofrimento.

 

 

Estude

Estude a altimetria da prova. Saiba em quais quilômetros estarão os postos de abastecimentos, onde estará o isotônico. Planeje em quais quilômetros (ou tempo de competição) irá consumir aquela cápsula de sal ou os geis que leva consigo.

Esqueça

Em tempos de redes sociais, em que criamos virtualmente expectativas e sabemos que muitos estão de “olho” em nossas performances , é importante se isolar. Se for seu dia e a corrida estiver “encaixada”, lembre-se dos amigos como forma de motivá-lo.

No entanto, se acontecer o contrário e o pace planejado não sair, procure não se cobrar e nem ligar para o que vão falar sobre seu tempo. Lembre-se: você terá provas e mais provas para tentar outra vez. E o mais importante: seu maior adversário é você; só a “ele” você deve satisfações.

Harry Thomas Jr

Jornalista especializado em corridas de rua desde 1999, Harry competiu pela primeira vez em 1994 e desde então já completou 31 maratonas – sendo três sub 3 horas: São Paulo (2h59min30), Nova York (2h58min20) e Blumenau (2h58min10). Também concluiu seis Ultratrails: 60K Ultratrail Putaendo, 67K Ultratrail Torres del Paine, 50K Indomit Costa Esmeralda e os 50K Ultra Fiord por três vezes. Já correu em países como Argentina, Chile, Estados Unidos, Grécia e Japão.

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Harry Thomas Jr

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