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No ano que vem, completo 18 anos de corrida, o que pode ser muito para alguns e pouco para outros tantos. De qualquer forma, nesse período já deu para eu ver bastante coisa: estranhas, curiosas, surpreendentes, ridículas, emocionantes, rocambolescas, pastorais.
Também já passei por vários tipos de treinamento. Preparação de base, força, postura, biomecânica. Para mim, o melhor é o que estou fazendo agora.
No passado, imagino, aprovava tudo o que o treinador mandava – ou quase tudo, porque sempre tive um problema com autoridade, contestava, queria saber por quê.
Os exercícios de força sempre foram os mais estranhos.
Tinha um que a gente chamava de “sapo”, que era uma combinação de saltos com agachamento. Você salta e, ao pousar no chão, chega agachado, supostamente imitando o movimento que o verdoso animal realiza com graça e elegância –duas características que nunca puderam ser vinculadas à minha pessoa.
Outro que eu considerava curioso era a “caminhada com a bola”, que nem era bem caminhada nem era com a bola. A gente usava uma tal de medicine ball, que é dessas bolas pesadas: parado, atirava a bola para o alto e para a frente.
Dava um passo (ou dois passos), pegava a bola no chão, trazia a mardita à altura do peito e dá-lhe a jogar a bola de novo, caminhar de novo, abaixar, novamente pegar a bola, atirar a dita para cima e depois repetir tudo de novo.
Professores criativos aproveitavam o ambiente para infernizar a musculatura de nós, outros aspirantes a corredores. Numa área em que havia arquibancadas, no início da década passada, eu fazia minutos sem fim (que pareciam horas de tortura demente) de uma variante do já citado “sapo”.
Agora, porém, o pulo era basicamente para o alto e pouca coisa para a frente. Como falei em arquibancadas no parágrafo anterior, provavelmente você já se ligou: a gente tinha de saltar e chegar agachado um degrau acima, dois degraus acima, três degraus acima -esse foi o meu máximo, mal e porcamente, mas tinha gente que pulava quatro degraus assobiando e nem suava.
Estou contando tudo isso para revelar que, nos meus mergulhos pela internet dos esportes, descobri um exercício de força ainda mais estranho, pitoresco. É o tipo de coisa a qual a palavra “único” se adapta com perfeição.
Não só único, com também exclusivo; portanto, admire-se, se for o caso, mas não tente repetir essas coisas em casa.
Estou falando de treino praticado por uma triplista de elite internacional, com duas Olimpíadas nas costas. Moça gabaritada, portanto, ainda que não seja dona de cobiçada medalha olímpica.
Pois a nossa amiga Hanna Knyazyeva-Minenko, nascida na Ucrânia em 1989 e hoje representando em competições internacionais o estado de Israel, nunca está satisfeita com a exigência do treino que lhe é imposto.
Vai daí que procura sempre dificultar cada exercício, aumentar peso, multiplicar intensidade. Afinal, ela precisa se preparar não apenas para o salto triplo como também para o salto em distância, as duas modalidades em que compete internacionalmente.
Pois num belo dia, a moça, que tem 1,79 m e pesa 67 kg, estava lá fazendo seu agachamento, carregando peso, aquela coisa toda, quando subitamente lhe veio uma ideia, uma brincadeira… Aquela coisa, a moça resolveu perguntar: “Que tal se eu…”
Foi do pensamento ao ato, com a devida autorização de seu treinador.
Chamou o marido, que é decatleta e treinava com ela naquele dia, e mandou que o mancebo, que tem por nome Anatoly, trepasse nas suas costas.
E assim, com os dois juntinhos como um só corpo, a jovem Hanna começou a fazer seu agachamento.
“Meu treinador falou que essa era a melhor maneira de fazer agachamento, pois os dois corpos podem se mover em paralelo. Na primeira vez em que tentei, fiquei um pouco assustada, mas consegui fazer os movimentos com meu marido nas costas e agora faço o exercício facilmente”.
O nosso amigo Anatoly pesa 90 kg, e Hanna afirma em entrevista à imprensa especializada que nunca deixou o amado levar um tombo. Garante também que consegue fazer 15 repetições com o maridão nas costas.
Tem gosto para tudo, não é?
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