Quando realizamos qualquer tipo de exercício físico, o corpo humano é submetido a uma série de adaptações orgânicas e funcionais, que dependem fundamentalmente da intensidade, da duração, da frequência e da modalidade do exercício. O entendimento destas adaptações é muito importante para a conscientização dos benefícios e também dos eventuais problemas que possam aparecer, caso o exercício seja realizado de forma a não respeitar a individualidade biológica (Haskell et al., 2007).
O ponto de partida para esse raciocínio é o processo da contração muscular que vai dar origem ao movimento. Quando nossos músculos se contraem existe uma transformação da energia química (molécula de ATP – sigla para a Adenosina Trifosfato) armazenada nos músculos em energia mecânica (trabalho = movimento), sendo que grande parte dessa energia química também é transformada em calor (Holloszy, 1982).
Assim sendo, a realização de um exercício físico vai depender de uma constante utilização da energia química dos músculos. Para que se possa sustentar o exercício, será necessário um contínuo suprimento dessa energia. Este suprimento pode ter basicamente duas fontes diferentes:
• Fontes de energia obtidas a partir de mecanismos independentes da utilização de oxigênio (anaeróbios)
• Fontes de energia produzida através da utilização do oxigênio para “queimar” os substratos energéticos; principalmente, as gorduras e os carboidratos (aeróbios).
Quando o exercício é de alta intensidade e curta duração, a energia é obtida principalmente do primeiro sistema, ou seja, sem a participação do oxigênio. Esses são os chamados exercícios predominantemente anaeróbios e compreendem atividades como levantar um peso, subir escadas rapidamente, correr em alta velocidade. Pode-se dizer que há uma predominância do metabolismo anaeróbio para a ressíntese de ATP, a moeda energética. As adaptações necessárias ocorrem fundamentalmente nos próprios músculos e propiciam os chamados benefícios localizados.
Este é o modelo típico dos exercícios que são realizados com pesos e que cada vez mais são parte integrante dos programas de condicionamento físico para indivíduos de quase todas as faixas etárias. Aos idosos, os exercícios com pesos assumem importância fundamental por representarem a principal forma de prevenir quedas, pois o treinamento específico proporciona o fortalecimento muscular (Pollock et al., 1998).
Por outro lado, quando o exercício é de intensidade leve e/ou moderada e com maior tempo de duração, a energia vai ser obtida principalmente pela utilização do metabolismo que tem o oxigênio como elemento central das reações, caracterizando os exercícios como predominantemente aeróbios. Andar, pedalar, nadar, dançar, correr em velocidade leve/moderada são exemplos de atividades aeróbias. Nesse caso, as adaptações solicitam o envolvimento dos pulmões, do coração e de toda circulação da musculatura envolvida. Os benefícios serão, portanto, mais de natureza cardiorrespiratória. Assim, se o organismo necessita de energia imediata para atividades físicas de curta duração, ele utilizará predominantemente as vias anaeróbias (alta potência e baixa capacidade energética). Se houver necessidade de executar uma atividade física, por período prolongado de tempo (mais de 3 minutos), em baixa ou moderada intensidade, ele utilizará predominantemente o sistema energético aeróbio (Barros Neto et al., 1999).
Barros Neto TL, César MC, Tebexreni AS. Fisiologia do Exercício. In: Ghorayeb N & Barros Neto TL. O Exercício: Preparação Fisiológica – Avaliação Médica – Aspectos Especiais e Preventivos. São Paulo, Atheneu, p.3-13, 1999.
Haskell WL, Lee IM, Pate RR, Powell KE, Blair SN, Franklin BA, Macera CA, Heath GW, Thompson PD, Bauman A. Physical activity and public health: updated recommendation for adults from the American College of Sports Medicine and the American Heart Association. Med Sci Sports Exerc. v.39(8):p.1423-34,2007.
Holloszy JO. Muscle metabolism during exercise. Arch. Physical Med Rehab. v.63:p.231-234,1982.
Pollock ML, Gaesser GA, Butcher JD, Després JP, Dishman RK, Franklin BA, Garber CE. The recommended quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory and muscular fitness, and flexibility in healthy adults. Med Sci Sports Exerc.v.30(6):p.975-91,1998.
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