Na largada da natação, que é dentro da água, me posicionei mal e tomei algumas porradas a mais do que o de costume. Acabei pegando um grupo ruim e saí com uma hora cravada da água. Um tempo muito alto, mesmo com a natação estando longa e com corrente. Fiz a transição com calma e saí para pedalar, sem desanimar, pois aqueles poucos minutos perdidos na natação não contariam tanto nas quase dez horas de prova.
O começo da bike é tenso. Muita gente que anda forte junta, é preciso tomar muito cuidado para não receber cartão. Por sinal, o fiscal deu cartão, logo no começo, no intuito de coibir o vácuo desde o princípio. Quanto à intensidade, os primeiros 45 km foram um doce. Vento, praticamente, sempre a favor e quase 40 km/h de média rodados.
Uns 20 km antes de Hawi, começou a ventar bem forte no sentido contrário. Vento que nos acompanhou por toda a subida de Hawi. Descer, apesar de menos cansativo, também não foi prazeroso, pois as absurdas rajadas laterais desequilibravam a bicicleta. Precisei segurar firme no guidão para não cair, quase sempre acima de 60 km/h.
Logo que voltamos para a Queen-K, estrada aonde acontece a maior parte do trecho de ciclismo, o vento ficou leve. Depois, pegamos uns 15 km de vento a favor e muito forte, com parciais de 10 km acima de 50km/h de média. Faltou um prato 55 na frente para essa hora. Pensei que esse vento me acompanharia até o final, ledo engano. Já tinha 130 km de pedal, estava me sentindo super bem, quando começou a ventar forte contra outra vez. Era um vento constante, que junto com o sobe e desce da estrada foi minando minhas pernas. Tratei de segurar o ritmo e sofri bastante no final do ciclismo, pois sei que não treinei o volume adequado para chegar forte nessa hora.
Desci da bike com 5h09min de pedal, o que não foi nada ruim para um ciclista mediano como eu, dentro dessas condições. Estava bem hidratado e me alimentei legal (só no pedal foram seis cápsulas de sal). A organização da prova fornece comida e muita hidratação no ciclismo.
Os primeiros quilômetros de corrida são bem fáceis, ainda mais com a torcida e com a descidinha. Estava bem quente, mas o sol se escondeu atrás das nuvens. Passei os primeiros 10 km para 44min e, depois, fui mantendo na casa de 4min30s, até chegar na Queen-K outra vez. Aí, é uma subida interminável até o Energy Lab, que é famoso por ser quente e sem vento. Graças a Deus, estava bem nublado. Mas saindo dali, perto do km 30, senti bem as posteriores da coxa e comecei a perder o ritmo. Minha meta passou a ser chegar abaixo de 9h40min. Fui ultrapassado por diversos corredores, nos últimos 6 km, e perdi posições importantes da categoria. Outra vez, o preço da falta de volume de treinos. Mesmo assim tive forças para crescer na descida final, correndo os últimos quilômetros com determinação e chegando para modestas 9h39min48s.
Fiquei feliz com o resultado, pois estrear aqui nessas condições de vento não é nada fácil. Dizem que foi o pior vento dos últimos 15 anos, mas acho que todo mundo gosta de dizer que “o seu foi o mais difícil”.
Agradeço a #melnickeven a Hammerhead e a CEEPO Triathlon Bikes pelo patrocínio.Mas, principalmente, a Roberta Hentschke, minha Ironwife, que passou o dia inteiro torcendo e passando calor aqui, coisa que não é tão simples como em Jurerê (SC). Minha mãe (torcedora desde os tempos em que nadava na Sport Center) e o Fernando Fernandes pela parceira! Ao meu amigo e professor Fernando Rebelo, que me ensinou o quanto a Ayurveda pode ajudar a minimizar o calor.
Kona: desafio duro e emocionante!Ao Wilson Mattos, Roberto Lemos e Frank Silvestrin, pelos anos de amizade e troca de conhecimentos nessa modalidade.
Valeu galera! Agora é se recuperar e voltar a treinar, com ênfase na velocidade.
Tempos:
Natação: 1h00min36s
T1: 5min06s
Pedal: 5h08min32s (249W NP)
T2: 4min03s
Corrida: 3h21min25s
Total : 9h39min48s
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