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Meias de compressão na corrida

Aposto que você já viu muita gente correndo com meias que sobem até abaixo do joelho, cobrindo toda a perna, lembrando os jogadores de futebol. E deve ter se perguntado se a pessoa tinha algum problema de circulação, algum tipo de dor ou mesmo algum mau gosto estético. Se é bonito ou não, não vem ao caso, pois o que importa é explicar o que são, para que servem e como funcionam essas meias de compressão que ganham cada vez mais adeptos na corrida.

Diferentes das meias utilizadas como uniforme pelos jogadores de futebol e de outros esportes coletivos, as meias de compressão servem, como o próprio nome diz, para gerar uma compressão nas pernas de forma específica. Essa compressão costuma ser maior que a das meias comuns e tem como objetivo melhorar a força e a resistência muscular das pernas, reduzindo o risco de lesões e melhorando a performance.

As fibras elásticas dessas meias estão dispostas longitudinal e transversalmente (de forma que a compressão seja homogênea) e funcionam como um tipo de contenção, evitando que o músculo oscile ou vibre demais. Realmente, isso soa estranho, mas durante uma corrida os músculos literalmente chacoalham com o movimento das pernas, vibrando conforme entramos em contato com o chão, e subitamente voltam para uma posição inicial quando se contraem.

Isso tudo exige um controle considerável da musculatura, além de flexibilidade, força e capacidade de adaptação. Basta pensar por que cansamos mais ao correr na areia, na grama, em trilhas, etc. Um terreno mais firme e plano exige menos adaptações do corpo quando comparado a um terreno irregular. Ou seja, um músculo que oscila menos, vibra menos e precisa se adaptar menos, é um músculo que com certeza vai cansar menos e, por isso, render muito mais.

 

 

Para explicar outro papel dessas meias de compressão, vou dar um exemplo simples. Imagine uns dez canudinhos, desses coloridos de lanchonetes, todos em pé, um junto ao outro, dispostos dentro de uma área circular. Se eu equilibrar um prato sobre esta estrutura, dependendo do peso desse prato, os canudinhos irão se dobrar para os lados. Primeiramente, os que estavam dos lados e, depois, os que estavam no centro, fazendo o prato cair.

Porém, se eu simplesmente envolvê-los com alguns elásticos sem muita tensão, certamente eles aguentarão mais peso antes que se dobrem e derrubem o prato. Por conta deste mecanismo de suporte é que as meias compressivas também auxiliam na prevenção e em algumas fases de tratamento de lesões musculares nas pernas.

Bom, até aqui parece que todos, então, devemos comprar vários pares dessas meias de compressão e usá-las diariamente, correto? Não. É hora de analisar o outro lado da história. Afinal, sempre existem aquelas pessoas que não se dão bem com o uso de certos acessórios.

Se pensarmos pelo lado mais simples, sabemos que quanto mais alta for a meia, mais ela vai te esquentar. E isso já é um desconforto para alguns. Outro ponto são os preços: essas meias costumam ser um pouco caras, quando comparadas às outras. Mas o ponto principal, sem dúvida, é a falta de consenso a respeito de sua eficácia.

Assim como acontece com o efeito dos alongamentos na prevenção de lesões, o uso das meias de compressão também tem seus prós e contras. O principal motivo contrário ao uso seria o mecanismo de adaptação dos músculos com o uso delas.

Alguns profissionais acreditam que uma pessoa que usa as meias com certa frequência nos treinos e em provas, fará o músculo se acostumar com elas e, consequentemente, perder a capacidade de se adaptar às vibrações, oscilações, mudanças de terreno, etc, tornando-o mais suscetível às lesões quando for correr ou realizar qualquer outra atividade física sem elas. Isso realmente faz sentido.

Mas, calma. Minha intenção não era de te deixar confuso. Se você já usa as meias de compressão, tente variar um pouco, realizando treinos com e sem elas. Dê preferência para usá-las em dias mais frios ou quando você sente que seu corpo está um pouco mais cansado, ou indisposto.

Agora, se você não usa, às vezes é válido experimentar para saber os benefícios que ela traz e quando você poderia usá-las. A minha opinião é a de que ela é mais uma ferramenta que você pode ter em seu repertório. Saber como seu corpo se comporta com e sem elas te dá um arsenal maior de recursos disponíveis a serem usados em diferentes provas e sequência de treinos.

É o mesmo que treinar a corrida com pequenos frascos de água na cintura ou com sachês de carboidrato no bolso. Uma vez que você conhece seus benefícios, vai saber em que partes e tipos de provas e treinos você poderá utilizá-los.

Marcel Sera

Fisioterapeuta, palestrante e atleta amador! A ideia, aqui, é explicar como usamos e o que acontece com o nosso corpo em cada situação, ação e emoção de nosso dia-a-dia. Correr é uma terapia e minha fonte de inspirações para compartilhar o conhecimento de forma simples e objetiva para todos os interessados. Sugira, critique, questione, treine e corra à vontade!

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