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Desde o tumultuado e efervescente julho de 2013, o brasileiro vem discutindo cada vez mais assuntos como política e administração pública. A Copa passou e os Jogos Olímpicos vêm aí. E nós, protagonistas ou fanáticos por esporte, o que temos a propor no debate sobre a caótica administração do desporto nacional?
Faz tempo que já não acredito mais ser a solução apenas mudar os cartolas ou representantes eleitos. Óbvio que seria um passo significativo, pois a maioria das confederações tem dirigentes vitalícios. Mudar ajuda muito, mas não resolve.
Acredito que todo o processo real de transformação começa do micro para o macro. Primeiro, individualmente, as pessoas sentem-se chamadas a se debruçar sobre o tema, estudando formas de atuar politicamente de maneira mais eficaz. Em seguida, criam grupos com poder de ação local, vivenciando suas metodologias e gerando experiências que validam suas ideias. Depois, os modelos testados e aprovados começam a ser divulgados e criam força, até se tornarem grandes o suficiente para uma mudança na mentalidade e na forma de agir. É utópico? Quer um exemplo? O Ironman começou com uma aposta entre malucos havaianos e hoje é um dos maiores e mais rentáveis eventos esportivos do planeta.
O que acontece no esporte nacional é que o modelo de distribuição de recursos é ainda mais injusto que o da arrecadação tributária do País. Temos confederações que recebem verbas milionárias governo, enquanto federações regionais sobrevivem de esmolas e da organização de raras provas, que dificilmente geram recursos suficientes para melhorar algo. O presidente da federação local é refém da boa vontade da confederação, como um senhor feudal esperando por um agrado do rei. Raramente algum dirigente regional vai querer propor mudança de nomes nas confederações. Afinal, quando isso acontece — e digo porque já vi muito isso —, ele se torna um inimigo do rei e não um amigo do esporte. E as retaliações vêm de cima para baixo, de forma tosca e impiedosa, destruindo a oposição. Esse é o ciclo da mediocridade do esporte brasileiro.
Enquanto o sistema de distribuição de recursos não mudar, dando mais autonomia e poder às federações, continuaremos reféns de um comando
monárquico, inabalável e ineficaz. Sempre que o poder de mudança está distante do foco de ação, temos mais entraves e mais burocracia para que se possam distribuir os recursos e realizar as ações necessárias para que o esporte cresça. Independentemente da mudança no âmbito nacional, precisamos com urgência de mais recursos para as federações agirem, pois é por meio delas que o atleta surge.
Felizmente parece que isso está cada vez mais claro e visível, mas bater nessa tecla é sempre importante. Caso contrário, seguiremos sendo uma nação que pensa que pode formar medalhistas olímpicos em dois anos. Lamentável.
Coluna publicada na revista VO2 Bike número 105
Foto: Ironman Florianópolis, um exemplo de evento bem sucedidido – Linkphoto
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