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A necessidade de estar pronto para as possíveis adversidades das provas

Todo atleta tem o costume de treinar para um evento ou prova-alvo sempre pensando na condição ideal: clima perfeito, temperatura amena, disposição máxima e treino 100% realizado.

Mas se você parar para analisar todas as provas das quais participou, conseguirá contar nos dedos de uma mão aquelas em que deu absolutamente tudo certo. Afinal, é raro que tudo esteja perfeitamente alinhado. Se fosse assim, todo dia seria dia de recorde pessoal de todos os atletas do mundo, amadores ou não.

Para evitar decepções e até mesmo desistir porque não atingirá o objetivo de tempo planejado, é importantíssimo ter sempre um plano B e, quem sabe, até um plano C, dependendo da prova.

O que seria exatamente isso: o cenário ideal é o plano A. Se no decorrer da competição acontecer qualquer coisa que fuja do plano A, você deve partir para o plano B, que desvirtuará um pouco do objetivo inicial, mas não muito. Encare como o “recalcular rota” de um GPS.

Darei um exemplo de um aluno, que fez a maratona de Amsterdã de 2012. Veja o que aconteceu.

Plano A

Realizar a melhor maratona da vida, no clima ideal, com sol, temperatura amena, muita disposição, público na rua, chegando com recorde pessoal e sem o esforço desgastante do final de maratona.

Depois do km 21, até onde tudo estava conforme o planejado, as coisas começaram a mudar.

Plano B

Mesmo com a temperatura baixa, a transpiração estava intensa. A roupa ficou muito molhada pelo suor e, com o aumento do vento, a sensação de frio aumentou — e a demanda energética para manter o corpo aquecido também. Isso atrapalhou o ritmo planejado. Naquele momento, foi preciso repensar o tempo final: 10 minutos além do previsto (de 3h30min para 3h39min), o que funcionou perfeitamente.

Sei que pode ser uma coisa simples demais para se recomendar. Mas ter esse tipo de atitude pode ajudar a amenizar
ou diminuir a frustração de treinar tanto e chegar na hora H e não ser nosso dia perfeito.

O importante é aproveitar o caminho da melhor forma possível e curtir a experiência, mesmo que ela não seja como imaginamos. Assim como em tudo na vida. 

 

 

Marcello Butenas

Marcello Butenas é treinador de triathlon e de corrida desde 1990 e é diretor técnico da Butenas Assessoria Esportiva. Como atleta foi vice-campeão brasileiro de triathlon em 1991, tetra-campeão paulista em 1992, 1993, 1995 e 1996 e participou de Ironmans no Havaí em 1992, 1995 e 1996, no Brasil, em 2002 e 2007, e na Alemanha, em 2012, com recorde pessoal de 9h24min. É colunista da revista O2.

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Marcello Butenas
Tags: Adaptação

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