A norte-americana Newton Running é uma das marcas de tênis mais populares entre corredores e triatletas fora do Brasil. Sem comercialização no país no momento, esses produtos de perfil bastante técnico já geraram polêmica, mas hoje estão consolidados entre os mais populares do mercado.
A Newton foi criada por Danny Abshire – profissional com experiência na área de podologia – e Jerry Lee – empresário do ramo imobiliário. Ambos se uniram quando Abshire foi ao escritório de Lee buscar um novo local na cidade de Boulder (capital do Estado do Colorado) para atender seus atletas e desenvolver suas palmilhas. Danny então falou da possibilidade de desenvolver um novo tênis de corrida com tecnologia até então inexistente no mercado, e Lee comprou a ideia, enquanto sócio investidor.
Antes de desenvolverem os próprios tênis, Abshire e Lee tentaram vender patentes de tecnologias para grandes marcas, mas não tiveram sucesso. Após anos de estudo, decidiram fabricar os próprios tênis, com tecnologia diferenciada e orçamento reduzido.
Estrategicamente, eles decidiram lançar a marca focando no mercado de triathlon, pois na época Danny treinava um triatleta profissional, além de conhecer muita gente na comunidade do triathlon de longa distância. Seu primeiro par de tênis foi vendido em abril de 2007, no Ironman 70.3 Oceanside, na Califórnia. Seis anos depois, a Newton já estava presente em mais de 600 lojas dos EUA, e em outros 40 países.
A marca leva seu nome devido à “Terceira Lei” do físico inglês Isaac Newton, segundo a qual “a toda ação há sempre uma reação oposta em igual intensidade”. Por isso mesmo, a tecnologia da Newton é chamada de action/reaction (“ação/reação”, em inglês).
Os tênis da Newton realmente não são modelos fáceis de usar por qualquer corredor ou triatleta. O ideal é passar por um período de adaptação de cerca de 30 dias, para depois analisar se o modelo faz a diferença para melhorar o desempenho.
No Brasil, por exemplo, a marca não fez um trabalho direcionado de ativação no período em que foi comercializada no país, entre 2012 e 2014. Sem apresentar os produtos devidamente aos esportistas, muitas pessoas compraram os tênis levando em conta a estética, e não a parte técnica. Sem fazer a adaptação correta, alguns compradores acabaram se lesionando.
Uma das dificuldades enfrentadas pelos usuários da Newton era o fato de, até 2013, os seus modelos terem quatro tacos no solado. Isso gerava instabilidade à medida que os tênis se desgastavam. Além disso, os tacos eram um tanto altos e rígidos.
A partir de então, os modelos da marca ganharam cinco tacos – ou seja, um para cada metatarso. Com o novo desenho de sola e entressola, os tênis ficaram mais macios, aumentando a aceitação entre corredores e triatletas. Eu tive tanto o modelo de quatro tacos quanto alguns pares de cinco, e de fato nota-se uma evolução técnica e uma adaptação mais rápida ao produto.
Atualmente a Newton classifica seus modelos como POP3 (para iniciantes), POP2 (para quem já teve uma primeira experiência e busca um modelo para treinos mais longos) e POP1 (para os atletas já adaptados à tecnologia e que buscam performance). É importante levar em conta essa classificação, para se ter certeza da categoria de produto ideal para seu perfil.
Com o passar dos anos, e com o avanço em sua tecnologia, a marca passou a ganhar em aceitação. Em 2015, a Newton foi a 9ª mais utilizada pelos atletas na Maratona de Boston, de um total de 24. Já no mundial do Ironman 2014, no Havaí, ela foi a 3ª marca mais usada pelos triatletas, entre os quase 2 mil que participaram da competição.
Outro fator que contribui com o crescimento da Newton são os triatletas profissionais patrocinados por ela. O australiano Craig Alexander, tricampeão mundial do Ironman Havaí, é desde 2007 o principal nome da marca. Além ele, a Newton patrocina o norte-americano Tim O’Donnell e a britânica Rachel Joyce.
Esperamos que, em um futuro não muito distante, a Newton Running retorne ao Brasil de forma mais atuante entre corredores e triatletas.
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