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Sou adepto da teoria que, embora todos possam correr uma maratona, a distância não foi feita para todas as pessoas. Daí o enorme desafio e força que ela tem no subconsciente coletivo, a aura do desafio. Mas vale mesmo o desafio de ser maratonista? O que é desafio para você? Correr uma maratona sem andar um único metro ou chegar direto para a maca do fisioterapeuta ou médico?
Observa-se que as pessoas querem por quererem concluir a distância. A maratona não necessariamente precisa ser o fim da jornada para quem quer se auto realizar na corrida. Sou adepto da tese de que é melhor ser um bom corredor de meia-maratona do de que um fracassado maratonista. Sei que o artigo levanta e mexe com paixões e emoções. “Como assim um jornalista tem a petulância para nos dizer o que podemos ou não correr?!”, bradariam alguns.
Embora tenha consultado quase uma dezena de profissionais de saúde e treinamento, todos, sem exceção, desconhecem estudos que afirmam que que correr uma maratona em tempo supra 5h, 5h30 faça mal ao organismo. Mas é uma questão de opinião, emitida depois da observar milhares de chegadas em maratonas in loco nesta faixa de tempo. É só observar o esforço dos que chegam andando ou mancando, e muitos a bordo de uma futura-nova-grave lesão que acompanhará por meses. E, para muitos, virará lesão-crônica simplesmente, por que o ego ordenou que o corredor tenha o “título” de maratonista.
Obviamente há casos dos que sofrem em determinada maratona pois aquele ciclo de treinamento que precedeu a competição foi complicado devido a compromissos de trabalho, estudo ou familiar. O problema é quando essa exceção virá regra, ou seja, toda a maratona é feita aos trancos e barrancos e isso é mais comum do que imaginamos.
É só ficar nos metros finais de uma maratona e observar como chegam esses corredores mais lentos. E não é preconceito, pois não há estereótipo padrão para os que chegam tropicando entre suas pernas. Há jovens, velhos, magros, obesos, pretos, brancos, homens e mulheres. Mas o que todos tem geralmente em comum em grande parcela dos casos é uma vontade enorme de completar os 42km – do jeito que der – aliado a falta de treinos sérios para terminar a prova correndo de ponta a ponta.
Apesar de despertar algumas reações iradas quando me posiciono dizendo que a “corrida é para se correr, não importando o ritmo pois esse é relativo, mas que, ao andar, deixa de ser corrida”, levo a tese na lógica que se andou é por que não está treinado adequadamente para correr uma determinada distância.
Se o corredor optar por correr uma meia-maratona com seus 21.097 metros, tudo se facilita. O treino continua firme, mas não extenuante. A velocidade média aumenta. As chances de concluir a prova de ponta a ponta correndo também aumentam substancialmente. Há competições de meia maratonas maravilhosas espalhadas ao redor do mundo, sejam nas Américas ou Europa, sejam as puras ou as casadas com maratonas.
Vamos combinar? Ninguém está podando seu sonho em se tornar um maratonista. Mas você só deve fazê-lo ao dominar a distância da meia maratona. Treinar sério com longos de 30k e 32k bem feitos, para então sim passar para os 42.195 metros. E tem mais: ninguém deixa de ser menos corredor por competir somente em meia e não em maratonas.
Se a tese de que todos os corredores têm que virar maratonistas vingar, o que seria então a cobrança de que todos maratonistas devam virar ultramaratonistas? Enfim, o ideal é descobrir sua real-distância seja os 10k, os 21k ou 42k e treinar com afinco para fazer uma boa prova, tentando melhorar seu desempenho em cada nova oportunidade, para quando se estabelecer em uma determinada distância e a dominá-la, aí sim dar um passo acima.
Todo maratonista é corredor, mas nem todo corredor precisa ser maratonista.
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