Estou muito feliz, porque hoje publico o primeiro texto do meu novo blog aqui no portal Ativo.com, um delicioso desafio, onde irei falar sobre nutrição, saúde, bem-estar, performance e o que mais vier à cabeça. Falando um pouquinho sobre mim – para quem ainda não me conhece -, comecei minha carreira acadêmica estudando biotecnologia em 1995. Nesta época mergulhei profundamente nos estudos de bioquímica e nunca mais parei. Como atleta amadora de triathlon, gostava de entender o que acontecia de verdade com minhas células e moléculas. Depois entrei na graduação e segui o caminho da nutrição esportiva, sempre estudando o porquê de cada coisa. Sabe aquela música do Skank que fala que “bola na trave não altera o placar”? Pois é… Falar de desempenho esportivo sem falar de adaptações bioquímicas e fisiológicas não dá. Por isso farei minha estreia no blog falando de nutrientes fundamentais para cognição, foco e performance.
Dentro da prática desportiva e da fisiologia do treinamento, precisamos aprender a executar os movimentos com perfeição. O aprendizado neuromotor faz com que nossas células musculares também se adaptem biomecanicamente. Nos treinos, executamos uma sequência de exercícios numa linha temporal, que geram uma série de adaptações fisiológicas, monitoradas com os batimentos cardíacos, volume máximo de oxigênio utilizado e produção de lactato.
Quando iniciamos o exercício, há o estímulo do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal que culmina com a liberação de adrenalina e outros hormônios do estresse. Esta situação é importante para que hajam as sequências corretas intra-celulares, imperativas para a sobrevivência da célula. A busca pelo equilíbrio bioquímico está lançada!
O gasto de calorias do sistema nervoso é gigantesco e o aporte de nutrientes para manter a concentração deve ser constante. O cérebro do atleta usa basicamente glicose para a produção de ATP (moeda energética da célula). O músculo e o fígado trabalham em sinergia para suportar aquele desafio de produção elevadíssima de energia por unidade de tempo. E se isso não ocorre, o que rola? Fadiga, câimbra, redução da velocidade, perda de foco, fadiga mental…. Portanto, a suplementação constante de bebidas com carboidratos de rápida, média e lenta absorção, associados aos eletrólitos, fazem parte da prescrição número 1 para performance cognitiva.
Além dos suplementos tradicionais, como os energéticos (que contêm carboidratos), os repositores hidroeletrolíticos e recovery drinks, existem muitos outros nutrientes fundamentais à performance esportiva. Vamos começar informando que o cérebro tem uma alta capacidade de transporte ativo de aminoácidos. Para a produção adequada de neurotransmissores é necessário o controle estrito do transporte para dentro do tecido cerebral entre aminoácidos neutros (como os de cadeia ramificada – valina, leucina e isoleucina) e os aromáticos (tirosina e triptofano). Isso é particularmente importante, porque se há descontrole da entrada de um grupo frente ao outro, algumas alterações podem ocorrer, causando uma variedade de problemas neurológicos, de comportamento ou de funcionamento mental alterado. Torna-se fundamental, portanto, equilibrar as fontes proteicas no dia a dia do atleta, por serem matérias-primas essenciais.
O uso de tirosina e triptofano pelo cérebro é importante, pois esses aminoácidos atuam como precursores de uma variedade de neurotransmissores e hormônios fundamentais à coordenação de todo o sistema. É a partir da tirosina que se forma a dopamina, a norepinifrina e a adrenalina (que estimula a produção de energia pela célula, atuando no metabolismo de nutrientes). Já a partir do triptofano, se forma a vitamina B3, serotonina (neurotransmissor excitatório, vasoconstrictor potente e estimulador da musculatura lisa) e melatonina, para regular os ritmos biológicos e o sono.
Outros aminoácidos também têm papel importante no cérebro. Podemos destacar a glicina, a taurina, aspartato e glutamato. Juntos vão manter a produção de neurotransmissores inibitórios e excitatórios dentro da demanda. Para que toda a bioquímica cerebral esteja ocorrendo, também se faz necessária a ingestão de vitaminas do complexo B (principalmente ácido fólico, B6 e B3), cálcio (ajuda na sinalização intracelular), magnésio (controla a resposta do cálcio), silício (controla a entrada de magnésio na célula) e antioxidantes diversos, que neutralizam o que sobra do oxigênio não usado pela célula (os tão temíveis radicais livres) durante a produção de energia.
Quando há conversão de glutamato ao neurotransmissor GABA, por exemplo, há requerimento de vitamina B6. A formação de glutamato vem de glicose no tecido. Mas o glutamato também pode ser deslocado para a síntese de glutamina no cérebro. A glutamina é o maior carreador de amônia entre os órgãos. No cérebro, a formação de glutamina é fundamental para controlar a hiperamonemia, situação tóxica que prejudica o funcionamento cerebral. Altas ingestões de proteínas geram elevação dos níveis de amônia e ureia no atleta.
A ingestão de suplementos de aminoácidos pelo atleta foi encorajada pela crença de que esses nutrientes sejam usados no corpo para sintetizar compostos necessários para evocar a resposta desejada. Mas isso nem sempre acontece. O triptofano, por exemplo, era recomendado para favorecer a indução do sono. Hoje em dia, no entanto, sabe-se que ele participa de várias vias metabólicas e não necessariamente vai aumentar o sono diretamente. De novo, o triptofano pode produzir serotonina, melatonina, vitamina B3, etc…
Assim, sugere-se que os nutrientes sejam oferecidos e balanceados na dieta do atleta. O aporte proteico deve ser corrigido com e sem o uso de suplementos adicionais. Entender os processos bioquímicos do atleta e suas demandas se torna fundamental. Dessa forma, deve-se associar a suplementação à fase de maior ou menor treinamento, repor as perdas, dar nutrientes para o aprendizado neuromotor, e pensar sempre em aportar vitaminas do complexo B, antioxidantes, aminoácidos essenciais, água, glicose e eletrólitos para um bom desempenho neurocognitivo na busca do desempenho.
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