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Apesar de viver e respirar o ciclismo puro, em 2012 realizei o IM (Ironman), em Florianópolis, para conhecer a modalidade. Queria entender mais o que realmente era nadar 3,8km, pedalar 180 km e correr os 42 km e seus sofridos 195 metros finais. A minha experiência entraria no meu currículo não só como treinador e bike fitter, mas também como uma espécie de pós-graduação no esporte. E, principalmente, como a conhecida lição de vida, onde você passa uma pessoa, depois você é passado e então passa uma pessoa que você jamais imaginou e, logo, fica a lição de humildade.
O Percurso do IM Florianópolis
São 2 voltas de 90 km, onde normalmente se faz a primeira com pouco vento e o mesmo piora no decorrer da segunda volta.Principalmente, no sentido final da prova, para fechar os 180 km e seguir para a maratona. O percurso tem pouca subida, sendo duas delas um pouco mais longas, mas que não passam de 1,5 km, e o restante são subidas de pontes e alguns retornos.
Um pouco de história
Em 1978, quando houve o primeiro Ironman, o objetivo era apenas terminar algo que já era considerado muito difícil e eles queriam, apenas, saber se conseguiam… e, então, a modalidade foi crescendo e ganhando popularidade. Lendo alguns artigos, achei um do Peter Reid (canadense), que correu Kona entre 1996-2005, dizendo que se você entrasse no vácuo do seu oponente, o mesmo te avisava ou um outro competidor dava um toque e ficava tudo O.K., pois a ideia era cada um por si.
Outra história famosa é a de quando Chris McCormack ganhou IM Kona encima de Craig Alexander. Ele conta como foi a estratégia, formando um grupo, fizeram uma bike super-rápida com alguns picos de velocidade, onde ele sabia que quebraria Craig Alexander.
Regras
“56. É proibido vácuo. O atleta terá de manter uma distância igual ou superior a 10 metros do atleta da frente. Caso não cumpra, receberá cartão amarelo.
57. O atleta terá 20 segundos para ultrapassar. Caso não cumpra, receberá cartão amarelo.
58. A ultrapassagem define-se quando o atleta que ataca coloca a roda dianteira paralela com a roda traseira do atleta que estiver sendo ultrapassado. O atacado não poderá reagir até que a ultrapassagem seja feita e saia da zona de vácuo do atacante. Caso o ultrapassado não cumpra, receberá cartão amarelo.”http://www.ironmanbrasil.com.br/2014/fln/br/regulamento.php
Qual o real benefício de entrar no vácuo?
Além de deixar a pessoa da frente fazendo a força e quebrando o vento para você, isso resulta numa economia de energia de aproximadamente 40%, ou seja, no momento da corrida haverá mais energia do que o seu oponente e as pernas muito mais descansadas. Devemos lembrar que o triathlon do IM é uma modalidade individual e não coletiva.
Mas o que é ser aero? Peso da pessoa, tamanho, posicionamento…
Para se tornar aero, temos as seguintes opções: pedalar atrás de alguém, posicionar a bike (bike fit), e o uso de equipamentos, como capacete, botinha, skinsuit e bicicleta aero. E antes que eu me esqueça, o peso e tamanho da pessoa, que são os fatores mais importante a serem considerados, pois a área frontal é a que mais conta como arrasto. Ou seja, de nada adianta ter um capacete aero, mas pedalar a menos de 28-29km/h. Nessa circunstância, não haverá benefícios e dependendo do vento, pode ser até pior para o atleta.
Mas qual a discussão que foi gerada no Ironman Florianopolis-2014 ? Isso é novidade? Quem faz isso? Quanto de tempo eles economizaram ?
Alguns vídeos foram publicados em mídias sócias de pessoas se beneficiando do vácuo e, inclusive, pedalando em grupo. Em 2012, enquanto eu pedalava sozinho, um atleta me passou e entrou na minha frente, a moto da organização passou e pediu para eu sair. Logo, ou eu acelerava e passava ele de novo ou desacelerava. Optei pela primeira opção, para que não perder o meu ritmo. Ano passado, ao acompanhar alguns alunos, pude ver inúmeras pessoas pedalando em grupo e nada aconteceu. Se isso é legal ou não, ou se a organização foi falha ou não, é outro assunto… O que importa é se esses atletas conseguirão se sentir vitoriosos e com mérito à medalha.
Quanto de potência economizo? Potência x eficiência (e descanso)
Quando a 40 km/h, há uma de economia entre 55-75watts, entre estar em uma posição de bike de Estrada e uma bike de Triathlon e posição aerodinâmica. Ou seja, 5seg/km, logo 15min para um Ironman. Com 10m de distância de um ciclista ao outro (como diz a regra do IM), com uma altura e posição próxima a sua, há uma economia de aproximadamente 10-15watts. Será que vale tanto a pena assim? Vale lembrar que durante a natação há uma economia de aproximadamente 25% nadando na esteira. E (nunca) ninguém comenta se acha isso honesto e se vale ou não. Muitos fazem o máximo na natação para sair com “os melhores” na bike e conseguir um bom grupo no pedal, até mesmo para ter uma referência de velocidade.
O que você pode fazer se você está preocupado com a sua aerodinâmica e já melhorou muito a sua parte de treinamento? Segue abaixo uma ordem de custo benefício:
Primeiro – Se já está mais em forma e área frontal diminuída, usar uma skinsuit, ou uma roupa mais justa que diminua este arrasto, de aproximadamente, 10 min.
Segundo – mudar de uma posição com mãos no guidão para clipado: aproximadamente 8 min.
Terceiro – Capacete AERO, aproximadamente, 5 min.
Ainda temos, rodas aero, roda disco, uso de botinhas e até mesmo quadro mais “aero”. Mas lembre-se de que você é a maior parte do arrasto. Então, fique com um bom posicionamento na bicicleta onde esteja aero e confortável, pois sem conforto não conseguirá imprimir um bom ritmo. E pedale acima de 28-29 km/h, para poder se beneficiar desses fatores.
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