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Os cuidados de uma gestante no crossfit

Com adaptações necessárias, a crossfiter gestante tem todas as condições e toda a segurança de manter seus treinos em ordem, garantindo ainda mais saúde para ela e para seu tão esperado bebê.

Inegavelmente, o crossfit não é um modismo passageiro como muitos outros que já existiram. Ele se firma a cada dia que passa como uma realidade no cotidiano de muitas pessoas saudáveis que buscam melhorar sua qualidade de vida, saindo da rotina imposta por outros tipos da atividade física.

Na realidade, quando digo que o crossfit está se firmando, provavelmente estamos cometendo um engano. O que vemos no dia-a-dia é o mesmo se espalhando pelas cidades como rastro de pólvora e grudando como cola na rotina de quem experimenta a injeção de endorfina que apenas uma aula proporciona a seu praticante.

E os boxes de crossfit estão sempre de portas abertas a todos – de crianças até pessoas mais experientes e sábias, com seu clima que mistura competição pessoal e interpessoal junto com um indescritível companheirismo e amizade.

Com isso, novas necessidades e experiências começam a surgir. Uma delas é a crossfiter que engravida e é colocada sob a dúvida sobre o que fazer em relação à sua rotina de treinos. Há um consenso geral na literatura científica de que a manutenção de exercícios de intensidade moderada durante uma gestação não complicada proporciona inúmeros benefícios para a saúde da mulher.

A atividade física resistida durante a gestação promove melhora da resistência e flexibilidade muscular, sem aumento no risco de lesões, complicações no desfecho da gestação e alterações do peso fetal no nascimento. A gestante atenua as alterações posturais decorrentes do período gestacional e controla e suporta de maneira mais amena o peso adquirido na gravidez.

O controle do peso e a manutenção do condicionamento físico participam diretamente na redução dos riscos de hipertensão e diabetes gestacional e na gestação – com incidências atuais de 5% e 18% respectivamente. A prática de atividades físicas rotineiras no decorrer da gestação contribui para a manutenção emocional e da saúde mental da mulher, diminuindo a incidência de depressão puerperal, alteração que pode ter sua incidência beirando os 25%

 

 

Exercícios resistidos promovem o fortalecimento direto e indireto da musculatura abdominal e do assoalho pélvico da mulher, sendo unânime o benefício para a saúde durante a gestação, na prevenção da incontinência urinária durante o parto normal, favorecendo o controle e recuperação de toda a musculatura envolvida com a passagem fetal e também no pós-parto, promovendo uma melhor e mais rápida recuperação.

Até o momento, tudo parece maravilhoso, mas…riscos ao feto também podem surgir da alta intensidade da atividade física, devido à elevação de temperatura corporal da gestante. Além disso, existem condições relacionadas com o período gestacional que se configuram como contraindicações absolutas à realização de qualquer atividade física, como as listadas abaixo:

– doença hipertensiva gestacional,
– placenta de inserção baixa,
– gestação múltipla,
– sangramento uterino,
– trabalho de parto prematuro,
– rotura prematura de membranas (bolsa rota),
– doença cardíaca,
– doença pulmonar restritiva, e
– incompetência istmo cervical.

Ainda existem contraindicações:
– anemias,
– diabetes descompensado,
– hipertensão arterial crônica,
– bronquite,
– asma,
– obesidade extrema,
– fumantes, e
– arritmias cardíacas

Todas essas condições só podem ser corretamente descartadas se a mulher estiver realizando um acompanhamento pré-natal de qualidade, por uma equipe multidisciplinar.

Todo crossfiter já sentiu na pele o quão desgastante pode ser uma aula. Assim, a gestante praticante deve se preocupar em procurar equipes que estejam preparadas para recebê-la, tomando os devidos cuidados para evitar os possíveis riscos à sua gestação, mantendo apenas os benefícios da atividade física.

Para tanto, coaches e gestantes devem evitar elevações drásticas na frequência cardíaca (a maioria dos trabalhos limitam a mesma entre 140 a 150 batimentos por minuto), manter adequada observação sobre a hidratação e nutrição da gestante antes, durante e após a atividade e evitar riscos de traumas, principalmente sobre a região abdominal.

Com as adaptações necessárias, a crossfiter gestante tem todas as condições e toda a segurança de manter seus treinos em ordem garantindo ainda mais saúde para ela para seu tão esperado bebê.

Andrey Ascenção

Mastologista, ginecologista e obstetra. Formado em medicina pela Santa Casa de São Paulo. Sócio-proprietário da clinica RCA Saúde Feminina, no bairro do Tatuapé, em São Paulo. Praticante de crossfit há 3 anos.

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Andrey Ascenção

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