Descobrir os limites do homem é uma questão que nos consome desde que descobrimos como medir o tempo. E poucas provas de atletismo são mais interessantes para promover esses debates do que a mais rápida de todas, os 100 metros rasos, e a mais longa de todas, a maratona.
O interesse pelo recorde mundial dos 100 metros rasos foi imenso durante o final dos anos 60, quando a simbólica marca de 10 segundos estava prestes a ser batida, mostrando, já naquela época, que os limites do homem estavam longe de serem encontrado.
Coube a Jim Hines, em 14 de outubro de 1968, a honra de baixar dos 10 segundos. Seu recorde de 9s95 perdurou até 1983. Tivemos várias quebras desde então — a última em 2009, com Usain Bolt —, mas nada que se compare com o momento histórico de superação da marca, que já foi considerada “o limite do homem”.
A marca mitológica mais importante pertence agora à modalidade da maratona: 2 horas. Já sabemos que esse recorde será superado. Resta saber por quem e quando. Onde, eu me atrevo a dizer que será em Berlim, cidade na qual foram quebrados os seis últimos recordes mundiais. O recorde atual é de Dennis Kimetto, com suas incríveis 2h02min57s. Lembrando que nem toda quebra de recorde vale.
Vale dizer que, de acordo com a regulamentação da Federação Internacional de Atletismo, as maratonas, para terem seus recordes homologados, não podem ter mais de 21 km em linha reta separando largada e chegada. Além disso, a variação de altitude do percurso não pode variar mais do que 20 metros.
Para encurtar a discussão: pelos critérios da Iaaf, o recorde de Fidípedes, o grego que pela primeira vez correu os 42 km entre Maratona e Atenas, em 490 a.C., não teria sido homologado. Há boa diferença de topografia entre as duas cidades e nem preciso dizer que a distância entre elas é muito maior do que 21 km. Ou seja: pela Iaaf, nem mesmo a marca do homem que inventou a maratona — e morreu logo após completá-la — teria sido aceita.
Não acredito que se passarão mais cinco anos sem que um homem complete uma maratona abaixo de 2 horas, tempo que muitos consideravam impossível de ser alcançado, quando o mundo passou a prestar atenção aos recordes do atletismo. Naqueles tempos, ninguém imaginava como seriam, fisicamente, os futuros campeões de provas longas. Até então, um atleta de corrida era, normalmente, um caucasiano forte e alto. O sujeito tinha de ser um “touro” de forte.
Foi Emil Zatopek, “a Locomotiva Humana”, o primeiro a reverter essa lógica. Com 1,70 metro e apenas 54 kg, o tcheco ganhou as medalhas de ouro nos 5.000 metros, nos 10.000 metros e na maratona dos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952. Essa façanha jamais seria — e me atrevo a dizer que jamais será — repetida por outro corredor.
Para você ter uma ideia, o homem que quebrar a marca das 2 horas correrá num tempo suficiente para chegar mais do que 20 minutos à frente da Locomotiva Humana, caso tivesse disputado a maratona de 1952. Essa evolução é a maior prova de que não apenas a marca será quebrada em breve como também de que nenhum de nós viverá para ver o dia em que serão conhecidos os limites do homem.
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