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Passo a passo para começar no MTB (só que ao contrário!)

Diferente da maioria dos italianos, franceses, holandeses, canadenses de Wistler ou dos Americanos do Colorado, nós, brazucas, por cultura, não temos tanta familiaridade com a bicicleta

Quando crianças, aprendemos a pedalar sem rodinhas e temos pelo menos uma cicatriz de um tombo, seja na memória ou no corpo.

Mas hoje, adultos, a maioria de nós vê a bike mais como um brinquedo do que como a ferramenta completa que é… de transporte, lazer e esporte. 

Uma das consequências dessa relação que nossa cultura tem com a bicicleta é que, quem tem interesse em iniciar-se no esporte, precisa de um certo esforço para isso.

Motivo: tanto a falta de divulgação (a mídia de massa dá o mínimo de destaque possível ao ciclismo), quanto pela falta de espaços específicos e dedicados para treinos e lazer (falta de apoio do Estado – e aí esse é um problema geral do país).

Quando descobri, por meio de revistas específicas, que existia o esporte de aventura (MTB), fiquei louca para começar a praticá-lo. Mas… por onde eu começo? Eu não conhecia ninguém do meio…

Meu caminho foi tortuoso – e talvez você, leitor, se identifique:

 eu procurei uma assessoria esportiva – por não saber que tinha uma assessoria específica de corrida de aventura, entrei em uma mais focada em triathlon.

2º foquei nos treinos de corrida e comecei o processo de comprar uma bike com ajuda dos professores da assessoria (até aí eu não sabia a diferença entre uma MTB e uma Speed).

 bike comprada. E agora? Comecei a usá-la para tudo que fosse possível na minha rotina. Ia para o treino de corrida de bike, fui conhecer a ciclovia, a ciclofaixa e, também, a USP. Com isso, fui aprendendo detalhes sobre o esporte, como o pedal de clip, o uso de sapatilha e etc.

 um certo dia, chegou minha hora: uma equipe de corrida de aventura precisou substituir uma mulher para uma prova, e me chamaram. Aceitei sem nem pensar e lá fui eu, para minha primeira corrida off-road.

 a equipe gostou de mim e me chamaram para mais corridas, ao longo do ano – agora, eu tinha com quem treinar, sempre com foco nas provas de aventura.

 Quanto mais eu caía de bike, mais eu queria aprender a pilotar. Fui atrás disso, fiz todas as Clínicas do Ravelli e me inscrevi em todas as provas, na categoria dupla – garantia parceria para treinar, além da própria prova que era um grande evento, oportunidade de conhecer mais gente.

 Comecei a treinar com uma assessoria específica de ciclismo (Adriana Nascimento) e, em 2013, tomei coragem/liberdade de começar a competir solo – ali, eu ganhei colegas de treino iguais a mim, e não precisava mais fazer tanto esforço para ter companhia, descobrir onde pedalar, e etc.

E, em  lugar, onde me encontro hoje: pedalar é o foco, a competição é, apenas, uma ferramenta dentro do esporte.

Não preciso mais de eventos para ter companhia de pedal, conhecer uma nova trilha, treinar… Já sei pra onde ir, o que fazer, como me virar… a bike já virou um estilo de vida, e não algo que me requer tanto esforço.

Mas não quero parar por aqui. Não consigo guardar apenas para mim coisas tão boas, como é andar de bicicleta e viver um processo como esse.

Então em  lugar, eu quero ajudar quem quer chegar até o 8º desta lista. Colaborar de todas as formas que me forem possíveis para divulgar o esporte e atrair, principalmente, mais mulheres.

O ciclismo é um dos esportes mais lindos do mundo. E um dos mais incríveis que uma mulher pode praticar. As sensações de liberdade e poder são indescritíveis…

É uma pena que aqui no Brasil, para muitas pessoas, as coisas funcionem do jeito contrário, pela competição em vez de pelo lazer.

Espero, aqui, poder colaborar um pouco para mudar a mão dessa “trilha”, e que cada vez mais pessoas consigam iniciar na bike com mais facilidade do que empecilhos. 

Viviane Favery

Campeã brasileira de mountain bike marathon (2015), é atleta da equipe alemã Rose Vaujany fueled by ultraSPORTS e já representou a seleção nacional em alguns campeonatos mundiais. Fora das trilhas, corre para conciliar a vida de ciclista profissional com a de publicitária e marketeira, além de compartilhar suas dicas de pedal em um boletim semanal na Rádio Jovem Pan Online FM, batizado de Bike by Vivi Favery.

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Viviane Favery
Tags: Aventura

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