Tenho certeza que um bom número de pessoas já sabia, seja na prática ou na teoria. O que poucos sabem é a explicação disso. Por que uma atividade que fazemos sentado, sem movimentar os braços, pode ajudar tanto em outra, que fazemos em pé, usando os braços?
A explicação é simples. Para pedalar usamos quase os mesmos músculos que deveríamos usar na corrida. Melhor que isso, usamos todos eles de forma alinhada, com poucos ou nenhum desvio das articulações. Resumindo, pode ser visto como um treino educativo associado a um potente treino de melhora na biomecânica da corrida.
Mesmo que os ciclistas fiquem mais curvados e com as mãos apoiadas, a posição facilita o uso de músculos potentes para a corrida, como os glúteos. São eles os principais responsáveis pela impulsão horizontal quando corremos no plano e pela impulsão vertical quando estamos em uma subida. Isso é possível pois a inclinação do corpo para frente (feita da forma correta – como descrita mais abaixo) deixa os glúteos em um comprimento ideal de contração e as mãos apoiadas na frente também facilitam o uso do que chamamos de tônus extensor, ou seja, dos músculos da parte de trás do corpo.
E os membros superiores que ficam parados? Pois bem, experimente pedalar sem usá-los. Sentirá que seu tronco vai começar a rodar e inclinar de um lado para o outro. Isso é uma prova de que, apesar de parados, os braços na bike estão fazendo força e, por incrível que pareça, usando músculos semelhantes aos que usamos na corrida. A única diferença é que estão trabalhando em isometria, ou seja, gerando força sem gerar movimento.
Se estudarmos com mais detalhes, certamente encontraremos muitas diferenças entre as duas atividades, mas o ponto aqui é entender que o pedalar desenvolve músculos potentes que são muito usados na corrida e por isso são muito bem-vindos para quem quer desenvolvê-la. Mas para isso, vale a pena seguir algumas dicas abaixo:
– As travas do pedal (ou as alças, nas bicicletas ergométricas) servem apenas para que seu pé não escorregue, portanto deve-se evitar usá-las para puxar o pé para cima, para trás ou para frente. A força deve ser apenas a de empurrar o seu pé para o chão, esticando os joelhos para baixo;
– A bacia deve estar alinhada à coluna, ou seja, evite acentuar a curvatura das costas (seja formando um arco para cima ou para baixo). O ideal é mantê-la reta, talvez levemente curvada. O uso dos glúteos só será eficiente quando a pelve estiver com este alinhamento correto. A sugestão é que se sente sem dobrar muito a barriga;
– Regule a altura do banco para que seus joelhos não fiquem totalmente esticados, mas nem muito dobrados. O ideal é que fiquem quase totalmente esticados quando o membro estiver completamente para baixo;
– Tome cuidado para que os joelhos não façam movimentos oscilatórios para dentro nem para fora. Eles devem apenas ir para cima e para baixo, para frente e para trás, jamais para os lados.
Se quiser fazer um treino que fique mais similar, basta soltar as mãos e fazer os movimentos iguais aos da corrida. Verás que é possível deixar bem parecido. A grande diferença será na ausência de impacto (considerando um terreno regular). Se quiser emoção, pegue uma mountain bike e pedale em trilhas. Certamente seu treino para a corrida será mais intenso.
Minha sugestão é que antes de investir em um novo equipamento, pegue emprestado, alugue, faça testes e pergunte ao seu treinador (caso tenha) sobre como colocar a bicicleta no meio dos seus treinos de corrida. Se usar da forma certa, resultados melhores virão em breve. Bons treinos!
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