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Por que as pessoas correm? Eu não sei você, mas a cada 15 dias eu tenho um motivo diferente: para esquecer um amor, para lembrar um amor, para emagrecer, para desestressar, em nome da endorfina, porque eu não tenho mais nada para fazer, porque mudei de emprego, e por aí vai.
O lance é que parece que a gente sempre precisa de uma justificativa. Se não, fica mais difícil ir. Ir por ir, nunca vi ninguém indo. Vou correr porque vou correr. Deve até ter gente iluminada que vai de graça. Mas eu estou sempre atrás de algum tipo de pagamento.
Porque correr é tão bom que sempre te devolve o que você pede, desde que você faça sua parte, claro. Já corri com a pança cheia de brigadeiro. Iria emagrecer? Nunca. Mas já corri depois de uma briga com o então marido. Iraquiano ali iria tremer na base. Coloquei a cabeça em ordem e tomei a decisão mais certeira: os próximos 10 km serão para comemorar… o divórcio, hehe! E assim foi.
A corrida não faz milagre, mas os hormônios que ela libera colocam o cérebro no lugar. Outro dia me pediram cinco ideias criativas para apresentar para um cliente. Pensei: “Lascou”. Mas havia uma saída.
Eu ia fazer um treino de 5 km. O que daria uma ideia para cada quilômetro percorrido. Resultado: pensei em cinco coisas, coloquei tudo num lindo PPT e a cliente disse: “Não vou nem ler direito. Só de bater o olho já adorei tudo. As cinco estão aprovadas, pode tocar”.
Comemorei com bolo de chocolate, chega de correr. Agora, pior mesmo é quando alguém te pergunta por que você corre. Eu nunca sei o que responder. Porque semana que vem o motivo já será outro. Então, se alguém que não corre me pergunta, eu digo simplesmente: “Corro porque é bom”. No fundo é isso mesmo. Seja para emagrecer, fazer amigos, colocar a cabeça em dia, qualquer motivação que me leve para o asfalto é uma boa motivação.
Gosto também de inverter a situação. Sempre que encontro um sedentário que fica louco quando sabe que eu corro, porque não vê graça nisso, gosto de saber por que ele não corre. Eu sei que você não precisa comer cocô para saber que cocô é ruim. Mas estamos falando de corrida, aquele troço que, feito sem dor, te dá tantas recompensas que você não sabe mais viver sem.
Já ouvi gente dizer que não corre por preguiça, dores múltiplas, falta de tempo ou porque nunca correu. A desculpa da preguiça eu até entendo, também tenho. Dores não têm jeito, tem que tratar. Falta de tempo é na verdade falta de interesse. Agora, “não gosto porque nunca corri” acho pitoresco.
E aí a pessoa se anima, corre um pouquinho hoje, mais um tanto semana que vem e dali a uns meses encontro com ela. Virou corredora. Pergunto por que ela decidiu correr. Senta que lá vem história, porque ela também tem inúmeros motivos. E é lindo ver o nascimento de um corredor. Com ou sem motivos.
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