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Quando se pensa em prevenção de lesões, logo vêm as perguntas “Qual exercício devo fazer?”, “Qual músculo devo ativar, fortalecer ou alongar?” ou, ainda, “O que estou errando na minha planilha?”. São questionamentos válidos, talvez essenciais quando falamos no período de treino, mas nenhuma delas leva em conta quando o problema não envolve treinamento.
Tenho estudado cada vez mais sobre a evolução humana e não posso deixar de compartilhar a obra de Pablo Santurbano, um fisioterapeuta brasileiro que reuniu com muita propriedade vários desses trabalhos sobre antropologia e aplicou este conhecimento nas ciências da saúde humana.
Vivemos em um ambiente totalmente oposto ao de nossos antepassados que se adaptaram para viver, por 2 milhões de anos, nas savanas africanas. Hoje, a maior parte das pessoas vive em ambientes que limitam sua locomoção. Muitos dos movimentos que fazíamos são substituídos pelo conforto proporcionado pela tecnologia. Um exemplo são os apartamentos cada vez menores, poltronas extremamente confortáveis e controles remotos que nos permitem ficar sentados por horas a fio. A praticidade de pedir comida em casa e de comprar alimentos congelados reduziu as visitas ao supermercado e, portanto, restringiu ainda mais a atividade física. Sem falar no tempo diário que passamos sentados trabalhando e no transporte.
Para quem acha que fazer uma hora de exercícios por dia é suficiente, sinto muito, mas não é! Nossos antepassados faziam movimentos o dia todo, de todo jeito possível. Quando descansavam, era porque estavam totalmente sem energia, a qual era muito menos disponível por causa da escassa oferta de alimento e condições de vida. Além disso, a posição de descanso dos nossos ancestrais era longe de ser confortável, o que os obrigavam a mudar constantemente de postura. Tente se sentar no chão por uma hora e perceba quantas vezes você muda de posição pelo desconforto, o que acaba sendo benéfico no final das contas.
Esse panorama gera o que Pablo Santurbano chama de incompatibilidade evolucionária, que se explica pelo fato de termos nos adaptado por 2 milhões de anos a fazer movimentos dos mais diversos; apenas há 12 mil anos estamos nos especializando em movimento com o advento da agricultura; e há menos de 200 anos que nos dedicamos a atividades repetidas em larga escala pós-Revolução Industrial. Ou seja, nosso corpo não teve tempo de se adaptar à nova rotina de movimentos repetitivos, muitas horas sentado e inatividade. A consequência disso é a evolução forçada que gera artroses, degenerações, osteoporose e alterações metabólicas, como aumento da glicemia, colesterol e acúmulo de gordura no corpo.
As pessoas entendem que a variação de estímulos é importante aliada do condicionamento físico para melhorar a performance, mas não costumam associá-la à prevenção de lesões. Hoje, uma das principais recomendações que faço para meus pacientes é que treinem em pisos diversos, que revezem tipos de calçados e que cada treino da semana seja diferente, o que a maioria aceita e entende como recomendações totalmente ligadas à corrida. O mais difícil é aceitar e entender que a movimentação no dia a dia, mesmo fora do treino, soma muito para manter o corpo com boa mobilidade e, dessa forma, essencial na prevenção de lesões. Descansar depois de um treino sem dúvida é bom, mas uma caminhada pode ser mais eficiente para manter seu corpo em um processo regenerativo dinâmico. Aconselho principalmente a evitarem a postura sentado — o ideal é descansar alternando posições como sentar como “buda”, cócoras, deitar com as pernas para cima, que são mais eficientes no momento do repouso.
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