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Eu costumo acompanhar treinos das pessoas no aplicativo de corrida que uso e reparei que, de um tempo para cá, aumentou o número daqueles que passaram a experimentar correr descalço. Além de ver no celular, também já vi nos parques e até mesmo em provas de rua (inclusive fui ultrapassado por um…rs). Mas afinal, o que levaria estas pessoas a fazerem isso?
Quando retiramos os tecidos, sola e entressola tecnológicas dos calçados de corrida, nossos pés ficam mais vulneráveis e por isso são obrigados a desenvolver mecanismos próprios de amortecimento, aderência e devolução da força recebida durante cada passada.
E logo no começo, uma das primeiras coisas que fazemos ao correr descalço é reduzir o impacto no calcanhar, jogando o peso mais em direção ao meio do pé, às custas de um aumento na tensão da panturrilha e alterações da biomecânica (por exemplo, reduzindo o tamanho ou o deslocamento anterior da passada).
Ao reduzir o impacto no calcanhar e alterarmos a mecânica da corrida, é comum sentirmos uma melhora no rendimento físico, temporariamente. Isso pode levar apenas alguns segundos, antes de sentir um cansaço de diversos músculos ou o próprio desconforto da pele da sola dos pés, que não está acostumada com esse novo estímulo.
Outro fator está associado aos músculos profundos dos pés. São eles que permitem que nossos pés se moldem de acordo com a irregularidade de uma superfície, como quando andamos na areia fofa de uma praia, sobre pedras pequenas de um rio ou na grama cheia de imperfeições.
Mas mesmo que o terreno seja plano e duro, estes pequenos músculos podem criar uma aderência entre a sola e o chão, dando muito mais estabilidade e gerando mais eficiência aos músculos maiores e mais fortes (por exemplo, as panturrilhas).
Um terceiro fator, mais complexo, é o estímulo tátil que o contato entre a sola do pé diretamente sobre o chão gera. A quantidade de estímulos quando corremos descalços é extremamente maior quando comparamos à corrida com um calçado.
O chão não é igual, está sempre mudando, possui temperaturas e texturas diferentes a cada passo – exatamente o oposto de um calçado, em que a sola recebe constantemente, quase o mesmo estímulo (meia/palmilha).
E quanto maior a variedade de estímulos, maior a capacidade de desenvolver conexões neurais diversas. Ou seja, um pé mais versátil, mais eficiente e mais funcional.
Com base nestes parágrafos, podemos deduzir que uma ordem interessante para iniciar corridas sem usar tênis seria primeiro estimular os músculos profundos dos pés (caminhadas descalço em terrenos irregulares, massagens, exercícios com bolinhas, borrachas, etc) e somente depois testar pequenos percursos correndo, aumentando gradativamente o tempo e a velocidade.
É importante não querer evoluir com pressa, pois a chance de lesão é muito grande – quando alguém começa a correr descalço, a demanda de músculos como a panturrilha aumenta consideravelmente. Por isso, planejar com seu treinador o momento correto para iniciar estes estímulos é importante.
Portanto, seja para melhorar sua biomecânica, prevenir lesões, ou simplesmente para matar a curiosidade, acorde seu pé de vez em quando. Ele agradece.
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