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Quando o ritmo não encaixa na corrida

Atualizado em 23 de novembro de 2016
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Depois de me arrastar pelos 20 Km da KTR Ilhabela, estou sem pique para treinar. Incapaz de largar a fofura do meu travesseiro da Nasa pelo meu surrado par de tênis. Há três semanas isso era simplesmente impensável. O despertador tocava na madrugada de sábado e eu pulava da cama. Oba, treino!

Agora faço mandinga pedindo chuva e vento. Um furacão, se possível. Tudo para fugir da planilha. Não importa se é longão, fartlek ou treino de tiro. O negócio agora é arranjar desculpa para não treinar.

E, quando a fuga não é possível (infelizmente), o ritmo simplesmente não encaixa. O runner’s high não vem. Corro olhando o tempo no relógio. E ele custa – muito – a passar.

 

 

Se há uma coisa que eu odeio é correr olhando o relógio. Não o pace. Mas o tempo. Na verdade, quanto tempo falta… Tem coisa pior?

Já passei por isso uma vez. Um bodaço pós os 100 km do El Cruce Columbia. Na época, assustada, confiei nas palavras do meu treinador: vai encaixar. Insiste que vai encaixar. E encaixou.

Pois bem. Estou insistindo. Há três longas semanas. E o treino não encaixa. Resolvi adotar medidas mais, digamos, radicais: decidi correr sem relógio, em ritmo confortável, se possível na companhia de amigos e fazendo percursos diferentes. Ou ouvindo música. Puro prazer. Assim, quem sabe, a mente distrai, o ritmo acaba encaixando sem eu perceber e o runner’s high toma conta.

Até eu me “reencontrar”, o plano de guerra é blindar minha mente contra desculpas esfarrapadas, colocar o despertador longe para eu me obrigar a levantar (sem voltar para a cama, lógico) e correr por prazer, sem pensar que faltam apenas três meses para os 100 km do El Origen.

O tempo corre contra mim. E o ritmo não encaixa.