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De vez em quando gosto de abrir espaço para leitores contarem suas aventuras maratonísticas pelo mundo. Um colaborador contumaz é Carlyle Vilarinho, um funcionário público cinquentão que mora em Brasília e tem se dedicado com afinco a combinar o turismo com a corrida, participando de provas muito bacanas em diversos países.
Desta vez, ele me deu a honra de escolher sua corrida com base em reportagem que escrevi para a revista “O2” e também publiquei em meu blog particular (que atualmente está voltado para outras atividades; dê uma espiadinha lá: http://lucenacorredor.blogspot.com).
Bom, vai daí que publico hoje a história que Vilarinho mandou para mim, o que agradeço. Acompanhe como foi a participação dele na Maratona de Vancouver.
…..
“Tempos atrás li no Maratonando os feitos do Mestre Lucena na Maratona de Vanocuver. Me recordo que suas palavras atiçaram minha curiosidade sobre essa prova no gélido Canadá. Pois, então, fui conferir.
Devo registrar que antes da maratona propriamente dita tive que vencer a maratona da viagem. Saí de Brasília na terça (26/04) às 15h e, entre uma escala de cinco horas em Guarulhos e outra de doze horas em Chicago, só fui chegar a Vancouver às dez da noite do dia seguinte. No total, descontado o fuso horário, foram 37 horas de viagem.
Vancouver e uma cidade bastante fácil para se locomover e agradável para se estar. É possível visitar a pé quase todos os pontos turísticos. Muitas opções de comida e preços relativamente em conta.
Essa foi a 45ª edição da Maratona Internacional de Vancouver. Além ddos 42 km, há, ainda, a maratona de revezamento, a meia-maratona, uma corrida de 8 km e uma outra de 2 km. Maratona, revezamento e meia saem do mesmo local – Queen Elizabeth Park – e chegam no mesmo local – Canada Convencion Center, em Downtown.
Uma prova não interfere na outra, não há bagunça nem confusão. Segundo a organização, no total são 16 mil corredores inscritos para todas as distâncias.
O valor da inscrição foi de 100 dólares canadenses, aos quais se adicionam mais 50 de outras taxas e imposto, o que equivalia, em janeiro, a R$ 450. Em compensação, hotéis conveniados dão desconto de 50% na diária para os inscritos.
O local da entrega do kit, o Canada Convencion Center, é de fácil acesso. Espaço amplo, tem uma boa feira de produtos para corredores, tanto vestuário como nutrição, e muitos dos vendedores são varejistas locais.
O kit em si é uma sacolinha manjada, uma camiseta básica e meia dúzia de amostras de barras de cereais e hidratantes.
Chegar à largada é simples, o trem não demora 20 minutos. Também da chegada da prova para os hotéis do centro é bem perto e dá para ir andando. Durante a semana, a temperatura esteve entre 8ºC e 14ºC, nublado e até chuva. Dia de prova é outra coisa.
O dia amanheceu de céu completamente aberto, sol à mostra e temperatura de 14ºC com previsão de 24ºC
A concentração para a largada no Queen Elizabeth Park é bem tranquila. O parque é amplo e a estrutura oferece boa comodidade para a espera até a hora da largada, com postos médicos, água e centenas de banheiros químicos.
No percurso, água a cada 3 km, isotônicos a cada 5 km. Apenas um problema: os pontos de hidratação são péssimos, em cima da pista, e curtos, uma confusão. Mais, a quantidade de água é de 50 ml, insuficiente para mim.
Ao final do primeiro quilômetro já dá para saber que bicho viria: trechos íngremes com curvas longas sucessivas. Vai-se nessa toada – aclives e curvas – até o km 9. Nesse ponto, há uma subida bem forte, que só termina no km 11. Até o km 20, porém, segue a interminável sucessão de sobe e desce, e sobe e desce… com suas curvas abertas. Do km 20 ao 22, uma forte descida nos leva à beira-mar, é preciso cuidado para não cair nem machucar.
O trecho nas proximidades da praia foi curto: do km 26 ao 29 deixamos a praia e, no 30, enfrentamos outra baita subida bem íngreme para atravessar uma ponte.
No km 32, de volta à beira-mar, contornamos o parque mais famoso da cidade, Stanley Park. Aqui o trajeto é praticamente plano, mas como nem tudo é perfeito, o percurso e um verdadeiro zigue-zague que exige muita concentração, pois te deixa tonto.
Nesses últimos 10 km não há sombra e o sol castiga um bocado. E só para não esquecermos que estamos na maratona de Vancouver, os últimos 2 km, que levam à linha de chegada no Canada Convention Center, são em subida!
Ao longo da prova há poucas pessoas torcendo; mas, por causa do revezamento, há sempre corredores por perto. Torcida mesmo pra valer só no quilômetro final.
Creio ter sido essa a maratona mais difícil da minha vida.
Antes mesmo de largar, só imaginando o calor previsto e a altimetria, eu já não tinha muita expectativa. Quando terminei o primeiro quilômetro, aquelas subidas em curvas abertas e longas, imaginei que terminaria com umas cinco horas.
Não sei como, terminei os primeiros 10 km com 56min. Nos outros 10 km, que não foram mais fáceis, consegui ser mais rápido e completei a meia em menos de duas horas.
Do km 22 em diante consegui manter o ritmo. A velocidade só foi caindo muito depois do km 35. Completei a prova em 4h11min35s. Melhor que isso, sem uma câimbra, sem uma mísera dorzinha.
A única explicação que tenho para esse feito é que desta vez não tive medo das subidas. Fiz vista grossa para todas elas. Fiz careta e mandei ver.
Alguém já disse: maratona é um exercício mental.
Essa vai ficar na minha história. Eu nunca tinha corrido uma maratona com tantas subidas, com tantas curvas e zigue-zagues. Essa maratona eu não repito.”
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