O interesse por suplementos alimentares cresce paralelamente ao desejo pela prática da corrida. Um dos nichos em ascensão, com a promessa de complementar nutrientes que a alimentação não consegue suprir, são os multivitamínicos. A cada dia, uma nova marca aparece nas prateleiras de farmácias e lojas de suplementos com a promessa de resolver essa possível deficiência de maneira rápida e prática com apenas uma ou duas cápsulas. Mas qual é a garantia de que ao consumir esses produtos teremos o que é prometido pelos fabricantes?
Estudos demonstram que é baixa a biodisponibilidade (quanto do aporte total de vitaminas e minerais ingerido consegue ser absorvido e utilizado pelo organismo) dos micronutrientes presentes nas formulações dos multivitamínicos comerciais. Entenda por quê:
Minerais podem ser encontrados na forma inorgânica (sais metálicos) ou orgânica (ligados a um ou mais aminoácidos). Comercialmente, as formas inorgânicas são mais utilizadas por apresentarem menor custo e ocuparem volume reduzido no processo de encapsulamento.
Mas o contraponto está na biodisponibilidade. Muitos formatos inorgânicos com valor mais acessível têm baixíssima capacidade de absorção. Um exemplo frequentemente utilizado e menos biodisponível é o carbonato de cálcio. Outros, menos utilizados e mais biodisponíveis, são o citrato de cálcio, cálcio dimalato ou cálcio quelato.
Os micronutrientes sintéticos são muito instáveis quando incorporados na mesma fórmula. Há interação química entre eles, gerando tanto degradação mais acelerada dos componentes quanto interferência na biodisponibilidade. O cálcio reduz a biodisponibilidade do ferro, do cobre e do zinco, por exemplo, enquanto o magnésio diminui a biodisponibilidade do ferro.
Cada pessoa tem uma necessidade específica de vitaminas e minerais. O que é eficiente para um indivíduo não será para o outro. Por exemplo, o picolinato de cromo, nas mesmas quantidades, pode ter efeito prejudicial em indivíduos saudáveis, mas benéfico em pessoas com sobrepeso e/ou diabetes tipo II — contribuindo para a redução da resistência periférica à insulina e a melhora na glicemia de jejum. Já em indivíduos saudáveis pode causar resistência periférica à insulina.
Por esses e outros motivos, sugiro que se busque ajuda profissional, pois a melhor forma de adquirir vitaminas e minerais é por meio de alimentação diversificada e rica em nutrientes (frutas, verduras, cereais integrais, carnes magras, leites e derivados, grãos e sementes). Caso haja necessidade de utilizar um multivitamínico, o profissional orientará qual é o mais adequado.
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