Sem dúvidas um bom corredor ou triatleta merece respeito por sua disciplina, resignação e resiliência. Essas são características atualmente garimpadas pelo mercado de trabalho. Cada vez mais ouço amigos empresários reclamando que chegou no mercado de trabalho uma geração preguiçosa e que “já quer começar sentando na janela”. E é daí que vem minha crítica ao artigo Correr é o novo MBA, de Nizan Guanaes, na Folha de São Paulo.
Achei um tanto quanto generalizado dizer que simplesmente correr te faz um funcionário melhor. Canso de ver pessoas não tendo a menor paciência de construir uma base sólida para correr uma boa maratona ou completar um Ironman.
Esses acabam por acumular inúmeras lesões e alguns criam desgosto pelo esporte. Será que aquele que faz seus treinos “nas coxas” e chega se arrastando na linha de chegada vai ser um bom funcionário para sua empresa?!
Conheço inúmeros outros que completaram uma única maratona ou um único Ironman e nunca mais quiseram saber do esporte, pois viram que o “buraco é mais embaixo” do que parece. O caminho é duro!
Sem dúvidas aqueles que conquistam suas medalhas com solidez, passando pelos anos de construção de um bom atleta merecem reconhecimento em suas entrevistas de emprego. Admiro muitos colegas e pacientes com méritos esportivos sem atalhos e que de fato têm a calma para momentos difíceis, foco e enorme resiliência em seus projetos. Para esses, talvez valha a máxima que correr é o novo MBA.
Por outro lado, conheço outros que jamais contrataria em minha empresa. Esses são ansiosos, não escutam seus treinadores, nutricionistas, médicos e fisioterapeutas. Não querem cumprir as etapas de fazer 5, 10 ou 15km bem feitos, e sim logo correr 21 ou 42km, mesmo que seja com dor ou no limite de tempo da prova.
Olhando a trajetória de atletas profissionais, como por exemplo o Mo Farah, recordista mundial de 5.000m e 10.000m, que agora sim está indo para as meias e maratonas vemos que essa costuma ser a trajetória de bons profissionais.
Hoje, temos uma enxurrada de formandos que não quiseram fazer um bom estágio pois “era longe” ou não era remunerado (Oi? Você é um estudante!). Além disso não aceitam “qualquer emprego” dentro de uma boa empresa. E ainda torcem o nariz e fazem birra ao levar bronca do chefe.
É uma geração que não cresceu ouvindo “não”. Dessa forma, em minha opinião, não é uma maratona ou um Ironman que o farão um bom profissional, mas, sim, como foi sua trajetória até essa linha de chegada.
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