Exatamente no dia 26 de maio de 2013 eu completaria a minha primeira maratona. Mas não era uma simples prova de 42 km, era a maratona do Ironman Brasil, em Florianópolis. Eu nunca havia corrido tal distância antes (e eu sinceramente achava que não era necessário).
Pode não ser para alguns, mas no meu caso fez falta… Eu não tinha o menor controle de ritmo para 42 km e muito menos cabeça para segurar essa pancada em meio a um Ironman. Por isso, ao mesmo tempo em que saí realizado por ter completado aquela prova incrível, confesso que ficou um gosto amargo por ter “quebrado“. Depois de curtir aquela experiência, me debrucei em tudo que se referia a essa corrida tão importante.
O que acontece na prova? Como correr? O km 30 é mesmo um divisor de águas? Enfim. Em meio a isso tudo, somado ao nosso incrível mundo das mídias sociais, li muitas histórias e comecei a acompanhar alguns atletas que até então me pareciam ser diferenciados. Foi assim que conheci (ainda que virtualmente) o Jacques Fernandes, um cara considerado referência no assunto maratona.
Atualmente treinamos na mesma academia e ouvindo seu relato sobre a Maratona de Boston, percebi que faria todo sentido oferecer humildemente este espaço para que ele pudesse contar sua vivência prova, da qual ele já participou algumas vezes, e que será realizada no próximo dia 18 de abril. Com a palavra, Jacques Fernandes.
“There’s Only One Boston”*
Esse foi um dos slogans da edição da maratona de 2014, um ano após o atentado com as bombas na linha e chegada da prova. Ele define muito bem o que vem a ser correr em Boston, prova única, com clima festivo por toda a cidade. A corrida é realizada em uma segunda-feira no feriado do Dia do Patriota, dia comemorativo da batalha de Lexington e Concord, na terceira semana do mês de abril.
A minha ligação com está prova é muito grande e arrisco a dizer que correrei lá todos os anos que forem possíveis. Sou maratonista amador e corro há mais de 15 anos (a minha melhor marca em uma maratona foi em Chicago: 2h50min09) e estou indo para a minha quarta edição seguida em Boston em 2016.
Estive lá pela primeira vez em 2013 e tinha como meu melhor resultado até então 2h58min na Maratona de Berlim – primeiro e único sub-3h e acreditava que estava no meu limite. O dia da prova foi perfeito. Tempo bom, frio e tudo feito como manda o protocolo para se concentrar em somente correr.
O percurso é muito técnico. Até os 21 km, são muitas descidas, com algumas pequenas subidas que apenas quebram o ritmo. Após a metade da prova, aí sim temos muitas subidas. A mais “famosa” é “Heartbreak Hill”, que encerra a sequência de aclives próximo ao km 33. Depois dela, se você estiver inteiro pode comemorar, pois ó virão descidas até a linha de chegada.
Encerrei o percurso inteiro e me sentindo muito bem. Cruzei a linha de chegada em 2h55min20 muito emocionado e feliz. Então, fui direto para o hotel. Já estava no quarto, me preparando para tomar banho, quando escutei um barulho forte seguido de outro, mas nunca imaginei que poderia se tratar de umas das piores cenas que já presenciei. Passado alguns minutos e sem entender nada, comecei a escutar muitas sirenes e resolvi olhar pela janela para ver o que estava acontecendo.
Olhando as imagens na TV, chocado como todos no mundo ficaram, eu disse que de qualquer maneira iria voltar no ano seguinte para homenagear as vítimas. E de fato eu voltei em 2014. Mais uma vez foi uma prova perfeita e consegui melhorar o meu tempo para 2h53min45s.
No ano de 2015, meu pai descobriu que estava com câncer e, por isso, acabei não me inscrevendo para a corrida. Em março, porém, meu pai perdeu a batalha e se foi. Foi então que meus amigos que iam para Boston me ligaram me convidando para ir com eles para arejar a cabeça.
Como não havia me inscrito, decidi escrever um e-mail contando toda a história do primeiro ano, do retorno para a homenagem no segundo, e sobre o falecimento de meu pai. No dia seguinte, liguei para a organização da corrida falei com uma mulher, que localizou o meu e-mail. Após lê-lo, ela disse: “pode comprar a passagem, vou te colocar na prova”. Lá fui eu para essa prova mágica para homenagear meu grande pai. A corrida foi demais e mais uma vez saiu um sub-3h.
Turismo
A dica de hotel para quem vai para correr é tentar ficar no Sheraton, pois ele está dentro do complexo do shopping Prudential, onde também acontece a feira da prova. Pode ser também no Hilton Back Bay, que fica na frente do Sheraton. Essa região é rodeada de ótimos restaurantes e galerias de arte e lojas de grife. Existe também um passeio diferente com um ônibus anfíbio que passa em algum pontos turísticos e depois navega dentro do rio. Podemos ainda alongar o caminho e conhecer a universidade de Harward. Opções não irão faltar em uma cidade que as coisas não ficam muito longe uma das outras.
*Só existe uma Maratona de Boston
A cidade de São Paulo foi palco no sábado, dia 9 de julho, do MOV…
A cidade de São Paulo foi palco no domingo, dia 10 de julho, da Eco…
Saiba como você pode melhorar (ainda mais) o seu tempo na meia-maratona
A cidade de São Paulo será palco no dia 10 de julho da Eco Run,…
A Eco Run chegou a Salvador no último domingo, dia 3 de julho, com a…
A Up Night Run é mais do que uma corrida, é a proposta de uma…