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Normalmente, corre-se contra o relógio. Não há corredor que não queira fazer uma meia maratona em menos de 2 horas, que não sonhe com uma maratona sub 4 horas. Dean Karnazes me disse, certa vez, enquanto corríamos em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, que “qualquer pessoa que tenha corrido uma maratona em menos de 4 horas pode se considerar um vencedor”. Há amadores que, verdadeiramente velozes, buscam vencer a maratona em menos de 3 horas, até.
Em 2009, eu corri uma maratona memorável em longas 4 horas, 58 minutos e 28 segundos!
Foi assim, ou quase. Fomos à Disney World. Pior, gostamos da Disney World. Como diria Luís Fernando Verríssimo, “pra quem nasceu e cresceu na Era Americana é como tocar a pedra de Meca. Ali está tudo que tem a ver com a nossa era. A técnica, a fantasia sintética e a vulgaridade tão bem empacotadas que você consome com prazer, mesmo sabendo que precisa resistir” (1).
Mesmo lesionado, não resisti e me inscrevi no chamado Desafio do Pateta, que, pra quem não sabe, consiste em fazer a meia maratona da Disney no sábado e a maratona no domingo; e, no meu caso, sem treinar.
A lesão praticamente não me incomodou no sábado e eu corri a meia tranquilo – em pouco mais de 2h. No domingo, todavia, bastou eu colocar o pé esquerdo no chão para sentir dor. Ainda assim, larguei. Sem conseguir correr, fui caminhando. Não era o único.
Na Maratona da Disney, cujo corte, salvo engano, se dá pós sete horas de prova, são muitos os que caminham. Com o raiar do dia, depois de andar pelo menos cinco quilômetros, sob o efeito de seis analgésicos, consegui começar a correr. Lentamente.
Os corredores da maratona cruzam os parques da Disney. Somente os lentos encontram parques já abertos ao público. No Animal Kingdom vi a atração Expedition Everest em pleno funcionamento, e, oba, sem fila. Não deu outra, incluí o subir e descer o Everest ao percurso da maratona.
Depois de algum tempo, percebi que, caso quisesse, conseguiria correr rápido, até. Fazendo conta, constatei que, se eu verdadeiramente acelerasse o passo, poderia completar a maratona em menos de cinco horas, o que, aquela altura, seria pra mim um grande feito.
Ultrapassei uma quantidade enorme de pessoas – costumeiramente, nos últimos quilômetros de uma maratona eu sou muito mais ultrapassado do que ultrapasso – e concluí a prova em vitoriosas 4h58min28s.
De volta ao Brasil, procurei um ortopedista para enfim tratar da minha lesão. Entre outras coisas, disse-me o médico que o Desafio do Pateta é uma loucura que se deve fazer uma vez só, e olhe lá.
Em 2010, fiz o Desafio do Pateta de novo.
*(1) v. A Mesa Voadora
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