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Sobre calor e ritmo: rumo a Kona

As últimas duas semanas de treino para Kona começaram bem em Porto Alegre. Como sempre, acaba que o macrociclo para o Ironman passa muito mais rápido do que imaginamos.

Bastante vento para pedalar, mas nada que deixe o treino insuportável, além de temperatura  amena, oscilando entre 12ºC e 25ºC.

Neste último final de semana, quando os treinos chaves são feitos, pedalei longo sábado e corri o fundo, no domingo. O ciclismo saiu às 6h da matina com um grupo forte puxado pelo Thiago Minucci. Na ida, com vento favorável, mantive a potência sempre perto de 245W, ficando alguns metros atrás do pelotão. Impressionante como, mesmo na distância legal, minha potência caia algo em torno de 15W, com relação a quando pedalo na ponta do pelotão. Testei algumas vezes nesse treino. Andando 15m atrás do Thiago, minha potência ficava em 245W, e quando ia para o lado dele, subia para 260W, que já é um esforço acima do meu ritmo previsto para um Ironman.

Terminamos os 175Km com média acima de 37km/h e pico de 90min de potencia em 243W.  Fiquei bem cansado, mas mais pelo vento contra da volta, do que pelo esforço. Vento é um troço chato, ainda mais quando ele fica na cara por 2h30min.

Domingo, fui correr me sentindo bem. Estava bem mais frio do que no último longo. Mantive perto de 4’15min/km até o vigésimo quilômetro, quando fomos aumentando progressivamente, eu o Thiguinho e o Nelson (aluno meu que é um excelente maratonista). Terminei os últimos 10km com 4’00/km de média, correndo o final abaixo de 3’50/km. Para termos uma noção de  como o calor afeta o ritmo e o sistema, podemos comparar os dados dos dois treinos de 32km que fiz, com quase 20oC de diferença.

Semana passada: 60min para 4’21/km de média com 154bpm avg.

Friozinho de domingo (último):  60min para 4`07/km de média com 147bpm avg. São quatorze segundos mais rápido por km, o que soma mais de 2min20s a cada 10km,  ainda com média de batimentos 5% inferior.

Ter bons parâmetros para competir no calor, e no frio, sempre é importante para evitar frustrações, entendendo que não é possível exigir o mesmo ritmo com um clima muito inóspito. Por isso, em provas longas, recomendo o uso de frequencímetro, ainda mais agora que as tecnologias que dispensam a cinta cardíaca, finalmente estão entrando em campo.

Abraços e bons treinos!

 

Lucas Pretto

Formado em educação física, é treinador e coordenador da assessoria esportiva Pretto Triathlon e do Estúdio Pretto Treinamento Funcional. Como triatleta amador, foi três vezes consecutivas top 10 no Ironman Brasil, além de Campeão Mundial de triathlon olímpico na categoria 20-24 anos.

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